Severo II (306 – 307)

 



Imperador Severo II (306–307 d.C.)

Introdução

O período da Tetrarquia no Império Romano (fins do século III e início do IV) foi marcado por uma tentativa de estabilização política por meio da divisão do poder entre múltiplos imperadores. Nesse contexto, surge a figura de Flávio Valério Severo, conhecido como Severo II, cuja breve ascensão e trágico fim ilustram as tensões internas e as lutas de poder que corroíam o sistema tetrárquico.

Contexto Histórico: A Tetrarquia

Criada por Diocleciano em 293 d.C., a Tetrarquia dividia o Império entre dois Augustos (imperadores seniores) e dois Césares (imperadores juniores).

O objetivo era garantir uma sucessão ordenada e uma administração mais eficiente frente às ameaças externas e crises internas.

Após a abdicação de Diocleciano e Maximiano em 305, Galério e Constâncio Cloro tornaram-se Augustos, e Severo II foi nomeado César no Ocidente.

Ascensão ao Poder

Severo II nasceu na Ilíria, de origem humilde, e era amigo próximo de Galério.

Foi nomeado César em 1º de maio de 305, subordinado a Constâncio Cloro.

Com a morte de Constâncio em 306, as tropas proclamaram seu filho Constantino como Augusto, desafiando o sistema da Tetrarquia.

Galério, relutantemente, reconheceu Constantino como César e promoveu Severo a Augusto do Ocidente2.

Conflito com Maxêncio e Maximiano

Em outubro de 306, Maxêncio, filho de Maximiano, foi proclamado imperador em Roma.

Galério ordenou que Severo marchasse contra o usurpador.

Severo partiu de Mediolano (Milão) com um exército que antes servira sob Maximiano. Muitos desertaram para Maxêncio, minando sua campanha3.

Cercado, Severo refugiou-se em Ravena, onde foi persuadido a se render sob promessa de clemência.

Queda e Morte

Apesar das promessas, Severo foi capturado e levado a Três Tavernas, onde foi mantido prisioneiro.

Em setembro de 307, durante nova ofensiva de Galério contra Maxêncio, Severo foi executado ou forçado ao suicídio2.

Sua morte marcou o fracasso da tentativa de Galério de manter a ordem tetrárquica e agravou a instabilidade política no Ocidente.

Legado e Avaliação Histórica

Severo II é frequentemente lembrado como uma figura trágica, manipulada por forças maiores e vítima das ambições de outros.

Sua breve passagem pelo poder revela as fragilidades do sistema da Tetrarquia, que, embora inovador, não conseguiu conter as rivalidades dinásticas e militares.

Sua morte abriu caminho para a ascensão de Constantino, que mais tarde unificaria o Império e transformaria profundamente o mundo romano.

Conclusão

A trajetória de Severo II é um microcosmo das tensões que marcaram o fim do século III e início do IV no Império Romano. Sua ascensão meteórica, impulsionada por alianças políticas, e sua queda abrupta, causada por traições e usurpações, ilustram a complexidade do período. Embora tenha reinado por pouco tempo, sua história é essencial para compreender o colapso da Tetrarquia e a transição para o domínio de Constantino.