Petrônio Máximo (455)
Petrônio Máximo – Ambição, Intriga e Queda no Fim do Império Romano do Ocidente
Introdução
O século V marcou o colapso do Império Romano do Ocidente, um período turbulento repleto de traições, invasões bárbaras e imperadores efêmeros. Entre eles, destaca-se Petrônio Máximo, cujo reinado de apenas 75 dias em 455 d.C. simboliza o caos político e a decadência institucional de Roma. Esta monografia analisa sua trajetória política, ascensão ao trono, breve governo e trágico fim, contextualizando sua figura no cenário de declínio do império.
Origens e Carreira Política
Nascimento: c. 396, Roma
Família: Pertencia à influente gens Anícia, uma das mais prestigiadas da aristocracia senatorial romana
Cargos importantes:
Pretor (c. 411)
Conde das Sagradas Liberalidades (416–419)
Prefeito urbano de Roma (420–421 e antes de 439)
Prefeito pretoriano da Itália (439–441)
Cônsul por duas vezes (433 e 443)
Recebeu o título de patrício em 445
Sua carreira foi marcada por uma ascensão constante, impulsionada por sua riqueza, conexões familiares e habilidade política.
Intrigas e Assassinatos: O Caminho ao Trono
Petrônio Máximo foi um dos principais arquitetos da queda de duas figuras centrais do império:
Flávio Aécio, o último grande general romano, foi morto por ordem do imperador Valentiniano III, influenciado por Máximo e o eunuco Heráclio.
Valentiniano III foi assassinado em 16 de março de 455 por soldados citas, instigados por Máximo, que desejava vingar a violação de sua esposa Lucina e tomar o trono.
No dia seguinte, Máximo foi proclamado imperador com apoio do Senado e subornos aos oficiais palacianos.
Reinado de Petrônio Máximo (17 de março – 31 de maio de 455)
Apesar de sua rápida ascensão, seu governo foi marcado por decisões desastrosas:
Casamento forçado com Licínia Eudóxia, viúva de Valentiniano III, para legitimar sua posição
Cancelamento do noivado entre Eudócia (filha de Eudóxia) e Hunerico, filho do rei vândalo Genserico, casando-a com seu próprio filho
Consequência: Genserico considerou isso uma afronta e preparou uma invasão a Roma
Máximo tentou buscar apoio dos visigodos por meio de Ávito, mas sem sucesso.
Queda e Morte
Com a aproximação da frota vândala, o pânico tomou conta de Roma. Máximo tentou fugir, mas foi abandonado por sua comitiva. Em 31 de maio de 455, foi apedrejado até a morte por uma multidão enfurecida. Seu corpo foi mutilado e lançado no rio Tibre.
Três dias depois, os vândalos saquearam Roma por duas semanas, levando riquezas e prisioneiros, incluindo a imperatriz Eudóxia e suas filhas.
Análise Histórica
Petrônio Máximo é frequentemente lembrado como um símbolo da decadência final do Império Romano do Ocidente:
Seu reinado curto e desastroso reflete a instabilidade política da época
Sua ascensão por meio de assassinatos e intrigas palacianas mostra a fragilidade das instituições imperiais
Sua morte violenta e o subsequente saque de Roma marcaram um dos últimos grandes golpes ao prestígio romano
Conclusão
Petrônio Máximo não foi apenas uma vítima das circunstâncias, mas também um agente ativo na desintegração do império. Sua trajetória revela como a ambição pessoal, aliada à ausência de legitimidade e apoio militar, pode precipitar a ruína de um governante — e de um império inteiro.