Mark Clark: Comandante do 5º Exército dos EUA na Itália
Mark Clark: Comandante do 5º Exército dos EUA na Itália
Mark Wayne Clark (1896-1984) foi um general do Exército dos Estados Unidos que se destacou por sua atuação na Segunda Guerra Mundial e na Guerra da Coreia. No teatro europeu, sua figura esteve intrinsecamente ligada à Campanha da Itália, onde comandou o 5º Exército dos EUA, uma força crucial para as operações aliadas no sul da Europa. Sua carreira foi marcada por promoções rápidas, habilidades de liderança e, por vezes, decisões controversas que geraram debates e críticas.
Biografia e Início da Carreira
Nascido em Sackets Harbor, Nova Iorque, em 1º de maio de 1896, Mark Clark teve uma educação militar sólida, graduando-se na Academia Militar de West Point. Sua carreira começou na Primeira Guerra Mundial, onde serviu como comandante de companhia na França em 1918 e foi seriamente ferido por estilhaços. Após a guerra, suas habilidades chamaram a atenção do General George C. Marshall, futuro Chefe do Estado-Maior do Exército dos EUA.
A ascensão de Clark foi notável. Em 1941, ele foi promovido a brigadeiro-general e desempenhou um papel fundamental no planejamento da Operação Tocha, a invasão aliada do Norte da África Francesa em 1942. Sua participação lhe rendeu a Cruz de Serviço Distinto e a promoção a tenente-general aos 46 anos, tornando-o o mais jovem general de três estrelas do Exército dos EUA na Segunda Guerra Mundial.
A Campanha da Itália e o 5º Exército
Em setembro de 1943, Clark foi encarregado do comando do 5º Exército dos EUA e liderou a Operação Avalanche, o desembarque em Salerno, na Itália. A Campanha da Itália foi uma das mais difíceis e custosas para os Aliados, caracterizada por um terreno montanhoso e uma tenaz resistência alemã. As forças de Clark enfrentaram combates ferozes desde o início, mas conseguiram garantir a cabeça de ponte após seis dias.
O 5º Exército, sob o comando de Clark, avançou lentamente pela península italiana, enfrentando a Linha Gustav, uma série de fortificações defensivas alemãs que se estendiam por toda a largura da Itália. A campanha foi marcada por batalhas sangrentas, como as de Monte Cassino, onde as forças aliadas sofreram pesadas baixas em uma série de tentativas frustradas de quebrar as defesas alemãs.
Um dos momentos mais significativos (e controversos) da Campanha da Itália para Clark foi a Batalha de Anzio. A Operação Shingle, um desembarque anfíbio em Anzio em janeiro de 1944, tinha como objetivo flanquear a Linha Gustav e abrir o caminho para Roma. No entanto, a operação estagnou, transformando-se em uma longa e desgastante guerra de trincheiras que lembrou os horrores da Primeira Guerra Mundial.
A Captura de Roma e suas Controvérsias
O maior desejo de Clark era ser o primeiro comandante aliado a entrar em Roma. Em junho de 1944, apesar das ordens de seu superior, o General Harold Alexander, de tentar encurralar as forças alemãs em retirada após o rompimento da Linha Gustav, Clark direcionou o 5º Exército diretamente para a capital italiana. Essa decisão, embora tenha permitido a captura de Roma em 4 de junho de 1944, dois dias antes do Dia D na Normandia, foi vista por muitos como uma busca por glória pessoal, comprometendo a estratégia geral de destruir as forças inimigas. Acredita-se que essa manobra permitiu que um grande número de tropas alemãs escapasse, prolongando a campanha na Itália.
A controvérsia em torno da Operação Anzio e da decisão de marchar sobre Roma sem priorizar a destruição das forças alemãs resultou em críticas significativas a Clark. Embora ele tenha sido elogiado por sua audácia e determinação, muitos historiadores militares argumentam que suas escolhas tiveram um custo estratégico e humano elevado.
Relação com a Força Expedicionária Brasileira (FEB)
O 5º Exército dos EUA de Mark Clark também teve a participação notável da Força Expedicionária Brasileira (FEB). A FEB, composta pela 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, integrou o IV Corpo do 5º Exército e desempenhou um papel crucial nas últimas fases da campanha, especialmente nas difíceis condições de inverno e primavera de 1944-1945. A Força Expedicionária Brasileira contribuiu significativamente para a quebra da Linha Gótica, a última linha de defesa alemã na Itália, e a tomada de importantes posições, como Monte Castelo. A relação entre Clark e a FEB é frequentemente retratada como de cooperação e respeito mútuo.
O Legado e as Críticas a Mark Clark
Apesar das controvérsias, Clark foi promovido a general de quatro estrelas em 1945. Ele foi o último oficial americano a deter a patente de quatro estrelas durante a Segunda Guerra Mundial. Após a guerra, Clark continuou sua carreira militar, sendo nomeado comandante das Forças das Nações Unidas na Guerra da Coreia, onde assinou o acordo de cessar-fogo em 1953.
O legado de Mark Clark é complexo. Ele foi um líder determinado e corajoso, que muitas vezes inspirou suas tropas e que obteve vitórias importantes. No entanto, sua reputação foi manchada por acusações de ambição pessoal e de ter priorizado objetivos simbólicos sobre estratégicos, especialmente na Itália. Seus biógrafos e historiadores continuam a debater o impacto real de suas decisões no curso da guerra.
Mark Clark faleceu em 17 de abril de 1984, aos 87 anos, em Charleston, Carolina do Sul, e foi sepultado no campus de The Citadel, onde atuou como presidente após sua aposentadoria militar. Suas memórias, "Calculated Risk" (1950) e "From the Danube to the Yalu" (1954), oferecem sua própria perspectiva sobre os eventos em que esteve envolvido.
A figura de Mark Clark, comandante do 5º Exército dos EUA na Itália, é um exemplo da complexidade da liderança militar em tempo de guerra. Sua trajetória reflete tanto os sucessos quanto os desafios e as difíceis escolhas enfrentadas pelos comandantes no calor do combate. Seu papel na Campanha da Itália permanece um tema de estudo e discussão, essencial para a compreensão das dinâmicas e das consequências da Segunda Guerra Mundial.