Majoriano (457 – 461)
O Imperador Majoriano (457–461) – O Último Esforço pela Restauração do Império Romano do Ocidente
Introdução
O século V marcou o colapso gradual do Império Romano do Ocidente, assolado por invasões bárbaras, crises econômicas e instabilidade política. Nesse cenário caótico, emergiu a figura de Flávio Júlio Valério Majoriano, proclamado imperador em 457. Seu breve reinado (até 461) representou um dos últimos esforços sérios para restaurar a autoridade imperial e reverter a decadência do Ocidente romano. Esta monografia analisa sua trajetória, reformas, campanhas militares e o contexto que levou à sua queda, destacando seu papel singular na história tardo-romana.
Contexto Histórico e Ascensão ao Poder
O Império Romano do Ocidente estava em declínio acelerado, com sucessivos imperadores fantoches e crescente influência de generais bárbaros como Ricimero.
Majoriano era um aristocrata romano com sólida formação militar, tendo servido sob o comando de Flávio Aécio.
Com apoio de Ricimero, depôs o imperador Ávito e foi proclamado imperador em 1º de abril de 457.
Inicialmente, controlava apenas a Itália, Dalmácia e partes da Gália, mas pretendia restaurar a autoridade imperial sobre todo o Ocidente.
Campanhas Militares e Política Externa
Contra os Visigodos e Burgúndios
Em 458, derrotou os visigodos liderados por Teodorico II em Arelate (Arles), forçando-os a devolver territórios na Gália e Hispânia.
Subjugou os burgúndios em Lugduno (Lyon), reduzindo-os ao status de federados.
Contra os Suevos na Hispânia
Em 460, lançou uma campanha na Península Ibérica, onde seus generais derrotaram os suevos em Lucus Augusti e Scallabis.
Fracasso contra os Vândalos
Planejou uma grande expedição naval para reconquistar a África Proconsular dos vândalos de Genserico.
Sua frota foi sabotada antes da partida, possivelmente por traição interna, e a campanha fracassou.
Reformas Administrativas e Legislação
Majoriano tentou restaurar a autoridade imperial com reformas administrativas e jurídicas:
Combateu a corrupção e limitou o poder da aristocracia senatorial.
Promoveu leis para proteger monumentos romanos da pilhagem e destruição.
Tentou aliviar a carga tributária sobre os camponeses e reorganizar o exército.
Essas medidas, embora bem-intencionadas, alienaram a elite romana, que via suas prerrogativas ameaçadas.
Queda e Morte
Ricimero, percebendo a crescente impopularidade de Majoriano entre os senadores e temendo sua autonomia, conspirou contra ele.
Em agosto de 461, Majoriano foi deposto, preso e executado em Dertona (atual Tortona).
Foi sucedido por Líbio Severo, um imperador fantoche controlado por Ricimero.
Conclusão
Majoriano foi um dos últimos imperadores romanos do Ocidente a tentar, com vigor e visão, restaurar a glória de Roma. Suas campanhas militares, embora parcialmente bem-sucedidas, não foram suficientes para conter o avanço dos povos bárbaros. Suas reformas administrativas, embora louváveis, provocaram a ira da elite senatorial. Sua morte marcou o fim de uma era de resistência ativa à desintegração do Império. A história o lembra como um governante corajoso e reformista, que tentou salvar um império à beira do colapso.