Líbio Severo (461 – 465)

 


Líbio Severo – Um Imperador nas Sombras do Poder

Introdução

O final do Império Romano do Ocidente foi marcado por instabilidade política, invasões bárbaras e imperadores efêmeros. Entre esses, destaca-se Líbio Severo (Flavius Libius Severus Serpentius), uma figura obscura que reinou de 461 a 465 d.C., sem reconhecimento do Império do Oriente e sob a tutela do poderoso general bárbaro Ricimero. Esta monografia analisa sua ascensão, governo e legado, contextualizando seu papel na decadência do império.

Contexto Histórico

  • O Império Romano do Ocidente enfrentava colapsos territoriais e políticos.

  • Após o assassinato do imperador Majoriano por Ricimero, o trono ficou vago por sete meses.

  • Ricimero, impedido de assumir o trono por sua origem bárbara, escolheu Líbio Severo como imperador-títere.

Ascensão ao Trono

  • Líbio Severo era originário da Lucânia (sul da Itália) e membro da aristocracia senatorial.

  • Foi proclamado imperador em Ravena, em 19 de novembro de 461, por influência de Ricimero.

  • Não foi reconhecido pelo imperador do Oriente, Leão I, nem por governadores regionais como Egídio (na Gália) e Marcellino (na Dalmácia).

Governo e Desafios

Poder Limitado

  • Severo era uma figura decorativa; Ricimero detinha o poder real como magister militum.

  • Algumas moedas do período trazem monogramas que podem ser de Ricimero, indicando sua influência direta.

Conflitos Internos e Externos

  • O império enfrentava ataques dos Vândalos (na Sicília e Itália), Visigodos (na Gália) e Saxões (na Armórica).

  • O controle de Severo restringia-se praticamente à península Itálica.

  • Tentativas de reconquistar a Gália incluíram a nomeação de Agrippino como magister militum, mas sem sucesso duradouro.

3.3. Política Religiosa e Social

  • Severo revogou leis anticlericais de Majoriano, ganhando apoio da Igreja.

  • Favoreceu a aristocracia senatorial, o que pode ter garantido alguma estabilidade interna.

4. Relações com o Oriente

  • Apesar de não reconhecido oficialmente, houve tentativas de diálogo com o imperador Leão I.

  • Severo aceitou que os cônsules de 464 e 465 fossem nomeados exclusivamente pela corte oriental, gesto de conciliação política.

5. Morte e Sucessão

  • Líbio Severo morreu em Roma no outono de 465. As causas são incertas:

    • Algumas fontes sugerem morte natural.

    • Outras, como Cassiodoro, alegam envenenamento por Ricimero.

  •  Foi sucedido por Antêmio, enviado do Oriente, marcando o fim da influência direta de Ricimero por um breve período.

6. Legado

  •  Líbio Severo é lembrado como um dos últimos imperadores do Ocidente, símbolo da impotência imperial frente ao poder militar e à fragmentação do império.

  • Provavelmente foi deificado postumamente, sendo o último imperador romano do Ocidente a receber esse status.

Conclusão

Líbio Severo representa a decadência do poder imperial romano no Ocidente. Sua figura apagada, manipulada por Ricimero, reflete a transição de um império centralizado para um mosaico de poderes regionais e militares. Embora tenha tentado manter alguma ordem e conciliação, seu reinado foi marcado pela impotência diante das forças que desintegravam o império.