Hideki Tojo: General do Exército e Primeiro-Ministro do Japão

 

Hideki Tojo: General do Exército e Primeiro-Ministro do Japão durante Grande Parte da Guerra

Hideki Tojo (1884-1948) foi uma figura central na história do Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Como General do Exército Imperial Japonês e Primeiro-Ministro por grande parte do conflito, ele personificou a ascensão do militarismo ultranacionalista que levou o país à guerra no Pacífico. Sua liderança autoritária e sua inabalável crença na superioridade japonesa moldaram as decisões políticas e militares que tiveram consequências devastadoras para a Ásia e para o próprio Japão.

Primeiros Anos e Carreira Militar

Nascido em Tóquio em 30 de dezembro de 1884, Hideki Tojo era o terceiro filho de Hidenori Tojo, um tenente-general do Exército Imperial Japonês. Crescendo em um ambiente militarista, Tojo foi imerso desde cedo nos valores de disciplina, lealdade e serviço ao imperador. Ele frequentou a Academia Militar do Exército em 1905 e a Escola de Guerra do Exército em 1915, destacando-se como um aluno diligente e ambicioso.

Sua carreira militar foi marcada por uma ascensão constante. Serviu em várias posições, incluindo adido militar na Alemanha, onde absorveu ideias sobre a eficiência militar e a importância da mobilização total. Tojo era conhecido por sua personalidade rígida, meticulosidade e uma profunda devoção ao militarismo. Ele ganhou o apelido de "Navalha" (Kamisori) devido à sua mente afiada e à sua determinação implacável em tomar decisões rápidas e muitas vezes drásticas.

Na década de 1930, Tojo começou a consolidar sua influência. Em 1935, foi nomeado chefe do departamento de polícia militar da Kwantung Army, a poderosa força japonesa estacionada na Manchúria. Nesta posição, ele se tornou um defensor fervoroso de uma política externa expansionista e da supressão de qualquer oposição ao regime militar. Sua passagem pela Manchúria o alinhou com a facção "Controle" (Tōsei-ha) dentro do exército, que buscava fortalecer o poder do estado e o controle militar sobre a política.

Ascensão ao Poder Político

A ascensão de Tojo ao poder político foi gradual, mas inexorável, impulsionada pela crescente influência dos militares na política japonesa. Em 1938, foi nomeado Vice-Ministro da Guerra no governo do Primeiro-Ministro Fumimaro Konoe, e em 1940, tornou-se Ministro da Guerra. Nesta função, ele desempenhou um papel crucial na formação da aliança entre Japão, Alemanha e Itália, o Eixo.

A postura intransigente de Tojo e sua crença na necessidade de garantir o acesso a recursos naturais por meio da força militar foram determinantes nas tensões crescentes com as potências ocidentais, especialmente os Estados Unidos. Enquanto o Japão avançava na China e na Indochina, os EUA impuseram embargos econômicos severos, cortando o suprimento de petróleo e outros materiais vitais para a máquina de guerra japonesa.

A impossibilidade de chegar a um acordo diplomático que satisfizesse as ambições imperiais do Japão levou à renúncia do gabinete de Konoe em outubro de 1941. O Imperador Hirohito, relutantemente, nomeou Hideki Tojo como o novo Primeiro-Ministro. A escolha de Tojo, um militar linha-dura, sinalizava que o Japão estava no curso da guerra.

Tojo como Primeiro-Ministro e o Início da Guerra

Como Primeiro-Ministro, Tojo acumulou várias pastas importantes, incluindo as de Ministro da Guerra, Ministro do Interior, Ministro da Educação e, por um período, Ministro das Relações Exteriores. Essa concentração de poder o tornou a figura mais influente do governo japonês, subordinado apenas ao Imperador.

Sob sua liderança, o Japão tomou a decisão fatal de atacar Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, lançando o país na Segunda Guerra Mundial contra os Estados Unidos e seus aliados. Tojo acreditava que um ataque decisivo e preventivo era a única maneira de quebrar o impasse econômico e garantir os recursos necessários para a prosperidade e segurança do Japão.

A fase inicial da guerra foi marcada por vitórias espetaculares para o Japão, que rapidamente expandiu seu império por grande parte do Sudeste Asiático e do Pacífico. Tojo capitalizou essas vitórias para fortalecer seu controle sobre o governo e a sociedade. Ele implementou medidas de mobilização total, incluindo o racionamento e o recrutamento em massa, e intensificou a propaganda para manter o moral da população elevado.

O Declínio e a Queda

No entanto, o curso da guerra começou a mudar drasticamente em 1942, com as derrotas japonesas nas batalhas de Midway e Guadalcanal. À medida que a maré da guerra virava contra o Japão, a popularidade de Tojo começou a declinar. As dificuldades econômicas aumentaram, o bombardeio aliado se intensificou e as baixas japonesas cresceram exponencialmente.

Apesar das evidências crescentes de que a guerra estava perdida, Tojo permaneceu inflexível em sua determinação de lutar até o fim. Sua recusa em considerar a rendição e sua insistência em uma estratégia de "guerra total" levaram a um crescente descontentamento dentro do próprio establishment militar e político.

A queda de Tojo foi precipitada após a perda de Saipan em julho de 1944, uma ilha estrategicamente vital para os EUA para lançar bombardeios diretos sobre o Japão. A derrota em Saipan foi um golpe devastador para o moral japonês e expôs as falhas da liderança de guerra de Tojo. Diante da pressão de membros proeminentes do governo e dos militares, incluindo figuras influentes do círculo imperial, Tojo foi forçado a renunciar em 18 de julho de 1944.

Pós-Guerra, Julgamento e Execução

Após a rendição incondicional do Japão em agosto de 1945, Hideki Tojo foi um dos principais criminosos de guerra procurados pelos Aliados. Em 11 de setembro de 1945, ele tentou o suicídio atirando em seu peito, mas foi salvo por médicos americanos e levado sob custódia.

Tojo foi julgado pelo Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente em Tóquio, que foi estabelecido para processar os líderes japoneses por crimes de guerra, crimes contra a paz e crimes contra a humanidade. Durante o julgamento, Tojo assumiu a responsabilidade por suas ações, mas argumentou que ele estava apenas seguindo as ordens do Imperador e agindo em defesa do Japão. Ele tentou proteger o Imperador Hirohito de qualquer implicação direta nos crimes de guerra.

Em 12 de novembro de 1948, Hideki Tojo foi considerado culpado de 7 dos 54 crimes de guerra pelos quais foi acusado, incluindo a iniciação de guerra de agressão, guerra contra a China, os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a Holanda, e a ordem, autorização e permissão de tratamento desumano de prisioneiros de guerra.

Ele foi sentenciado à morte por enforcamento e executado na prisão de Sugamo em 23 de dezembro de 1948.

Legado

O legado de Hideki Tojo é complexo e controverso. Para muitos no Japão, ele é visto como o líder que, embora falho, fez o que considerava necessário para proteger os interesses do país em um momento de crise. No entanto, para a comunidade internacional, especialmente para as vítimas da agressão japonesa na Ásia e no Pacífico, Tojo é lembrado como um símbolo do militarismo implacável e da brutalidade que caracterizou a conduta de guerra do Japão.

Sua figura continua a ser objeto de debate e reflexão sobre as causas da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, a responsabilidade individual e coletiva, e a interpretação da história no Japão moderno. A vida e a carreira de Hideki Tojo servem como um lembrete sombrio dos perigos do nacionalismo extremo e do militarismo desenfreado.