Gerd von Rundstedt (promovido em 1940)

 

Gerd von Rundstedt:  um Proeminente Comandante da Wehrmacht

Gerd von Rundstedt, marechal de campo alemão durante a Segunda Guerra Mundial, permanece uma figura complexa e frequentemente contraditória na história militar. Promovido a Generalfeldmarschall em 1940, a carreira de Rundstedt abrangeu tanto a Primeira Guerra Mundial quanto a Segunda Guerra Mundial, tornando-o um dos comandantes mais antigos e experientes da Wehrmacht. Embora muitas vezes retratado como um oficial prussiano aristocrático e conservador, suas decisões operacionais e percepções estratégicas desempenharam um papel significativo em várias campanhas importantes. Esta monografia explorará a vida e a carreira iniciais de Rundstedt, sua ascensão nas fileiras, suas contribuições e desafios durante a Segunda Guerra Mundial e seu legado.

Início da Vida e Carreira Militar (1875-1918)

Karl Rudolf Gerd von Rundstedt nasceu em 12 de dezembro de 1875, em Aschersleben, Prússia, em uma antiga família aristocrática Junker com uma longa tradição de serviço militar. Seguindo os passos de seus ancestrais, ele ingressou no Exército Prussiano em 1892, iniciando seu treinamento como cadete. Sua carreira inicial foi marcada por um avanço constante e uma reputação de diligência e inteligência. Ele frequentou a prestigiada Academia Militar Prussiana, formando-se em 1902, o que abriu caminho para uma promissora carreira como oficial de estado-maior.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Rundstedt serviu principalmente como oficial de estado-maior, ganhando valiosa experiência em planejamento operacional e logística. Ele participou de várias campanhas tanto na Frente Ocidental quanto na Frente Oriental, incluindo os estágios iniciais da guerra na França e a extenuante guerra de trincheiras que se seguiu. Embora não tenha comandado grandes unidades em combate durante esse período, seu trabalho como oficial de estado-maior forneceu-lhe uma compreensão profunda das operações militares em larga escala, uma base que se mostraria crucial em seus comandos posteriores. No final da guerra, ele havia atingido o posto de major.

Período Entre Guerras e Ascensão à Proeminência (1918-1939)

O Tratado de Versalhes limitou severamente o tamanho do exército alemão, mas Rundstedt foi um dos oficiais mantidos na Reichswehr. Este período foi crítico para seu desenvolvimento como pensador e líder militar. Ele desempenhou um papel significativo nos esforços clandestinos de rearmamento e modernização do exército alemão, concentrando-se no desenvolvimento de novas doutrinas táticas, particularmente aquelas que mais tarde formariam a base da Blitzkrieg. Ele defendeu a importância da guerra mecanizada e das operações de armas combinadas, reconhecendo que o futuro da guerra residia na velocidade e na manobra decisiva.

Seus talentos foram reconhecidos, e ele ascendeu constantemente nas fileiras. Em 1932, ele foi fundamental na repressão ao Putsch da Cervejaria, demonstrando sua lealdade ao estado e seu compromisso com a disciplina militar. Em 1938, Rundstedt havia alcançado o posto de Generaloberst (Coronel-General) e comandava o Grupo de Exércitos 1. Apesar de sua origem aristocrática e visões militares tradicionais, ele navegou pelo complexo cenário político do regime nazista nascente, muitas vezes mantendo uma distância profissional da ideologia do partido enquanto cumpria seus deveres militares. Ele foi brevemente aposentado em 1938 devido a divergências com os planos militares cada vez mais agressivos de Hitler, mas foi chamado de volta ao serviço pouco antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Segunda Guerra Mundial: Campanhas Chave e Desafios de Comando (1939-1945)

As contribuições mais significativas de Rundstedt, e de fato seus maiores desafios, vieram durante a Segunda Guerra Mundial.

Invasão da Polônia (1939):

No início da guerra, Rundstedt comandou o Grupo de Exércitos Sul, uma das duas principais forças alemãs que invadiram a Polônia. Suas forças executaram o cerco planejado e a destruição das forças polonesas com notável velocidade e eficiência, demonstrando a eficácia da doutrina da Blitzkrieg. Esta campanha solidificou sua reputação como um comandante operacional altamente capaz.

Batalha da França (1940):

Durante a Batalha da França, Rundstedt comandou o Grupo de Exércitos A, que liderou o ataque decisivo através da floresta das Ardenas. Este plano ousado e audacioso, defendido pelo General Erich von Manstein (que era chefe de estado-maior de Rundstedt), contornou a Linha Maginot e levou ao rápido colapso da resistência francesa e britânica. Seu comando foi fundamental na rápida vitória alemã, e foi por esse sucesso que ele foi promovido a Generalfeldmarschall em 19 de julho de 1940.

Operação Barbarossa (1941):

Na invasão da União Soviética, Operação Barbarossa, Rundstedt comandou o Grupo de Exércitos Sul, encarregado de conquistar a Ucrânia e as ricas terras agrícolas da Bacia do Donets. Embora inicialmente bem-sucedido em infligir baixas maciças ao Exército Vermelho e capturar vastos territórios, suas forças enfrentaram imensos desafios logísticos e feroz resistência soviética. Ele defendeu uma pausa estratégica para consolidar os ganhos e melhorar as linhas de suprimentos, muitas vezes entrando em conflito com a insistência de Hitler em operações ofensivas implacáveis. Essas divergências sobre a estratégia, particularmente em relação ao prolongado cerco de Rostov-no-Don, levaram à sua demissão temporária em dezembro de 1941, pois Hitler buscava bodes expiatórios para o fracasso em alcançar uma vitória rápida na Rússia.

Comandante-em-Chefe Oeste (1942-1944):

Convocado de volta ao serviço em 1942, Rundstedt foi nomeado Comandante-em-Chefe Oeste (OB West), responsável por defender a Muralha do Atlântico e toda a Frente Ocidental. Este era um papel em grande parte administrativo e defensivo, com recursos limitados alocados ao seu comando. Ele expressava constantemente preocupações sobre a inadequação das defesas alemãs contra uma inevitável invasão Aliada. Apesar de sua experiência, sua autoridade era frequentemente minada pelas ordens diretas de Hitler e pela estrutura de comando fragmentada que afligia o exército alemão. Ele previu corretamente que o desembarque na Normandia seria o principal esforço Aliado, mas suas recomendações para fortalecer as defesas no setor eram frequentemente ignoradas ou anuladas.

Normandia e a Frente Ocidental (1944):

Durante a campanha da Normandia, Rundstedt se viu em uma batalha defensiva contra a esmagadora superioridade aérea e material Aliada. Seus repetidos pedidos para retirar e consolidar as forças diante do avanço Aliado foram recebidos com as ordens rígidas de "não recuar" de Hitler. Após os desembarques do Dia D e o subsequente avanço Aliado da Normandia, Rundstedt aconselhou famosamente Wilhelm Keitel: "Façam a paz, seus tolos!". Esta avaliação direta, refletindo seu desespero com a situação militar sem esperança, levou à sua segunda demissão em julho de 1944.

Ofensiva das Ardenas (Batalha do Bolsão) (1944-1945):

Surpreendentemente, Rundstedt foi mais uma vez chamado de volta ao serviço em setembro de 1944, novamente como OB West, para comandar a Ofensiva das Ardenas, também conhecida como a Batalha do Bolsão. Embora ele estivesse nominalmente no comando, a ofensiva foi em grande parte planejada e dirigida por Hitler. Rundstedt expressou ceticismo sobre a viabilidade da operação, dados os recursos alemães cada vez menores e a esmagadora força Aliada. A ofensiva, embora inicialmente alcançando alguma surpresa, acabou falhando, marcando a última grande ofensiva alemã na Frente Ocidental. À medida que as forças Aliadas avançavam para a Alemanha, Rundstedt supervisionou a defesa cada vez mais desesperada, sendo finalmente dispensado do comando pela última vez em março de 1945.

Anos Pós-Guerra e Legado

Gerd von Rundstedt foi capturado pelas forças americanas em maio de 1945. Ele foi mantido como prisioneiro de guerra e testemunhou nos Julgamentos de Nuremberg, embora nunca tenha sido pessoalmente acusado de crimes de guerra. Seu depoimento forneceu insights sobre o funcionamento interno do Alto Comando Alemão e os desafios enfrentados por soldados profissionais sob o regime nazista. Ele foi libertado em 1949 devido à sua saúde debilitada.

Rundstedt morreu em Hanover, Alemanha Ocidental, em 24 de fevereiro de 1953, aos 77 anos.

Seu legado permanece um assunto de debate entre os historiadores. Ele é frequentemente visto como um soldado altamente competente e profissional, dedicado ao seu dever e ao seu país, que tentou manter as tradições militares em meio a um regime brutal e ideologicamente motivado. Sua brilhante operação na Polônia e na França é amplamente reconhecida. No entanto, alguns criticam sua disposição em servir a um regime que ele desprezava em particular, argumentando que sua participação, mesmo sem alinhamento ideológico, conferiu legitimidade às ações de Hitler.

Em última análise, Gerd von Rundstedt incorpora os complexos dilemas morais e profissionais enfrentados por muitos oficiais alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Ele foi um mestre da estratégia e tática militar, mas operou dentro de um sistema que minava cada vez mais os princípios militares tradicionais e exigia obediência absoluta a um ditador. Sua carreira serve como um testamento tanto para as forças quanto para as trágicas limitações da liderança militar alemã durante um dos períodos mais turbulentos da história.