Ferdinand Schörner (promovido em 1945)

 

Ferdinand Schörner: O Último Marechal de Campo de Hitler

Ferdinand Schörner, promovido a Marechal de Campo em 1945, é uma das figuras mais controversas e enigmáticas da Wehrmacht durante a Segunda Guerra Mundial. Conhecido por sua brutalidade, lealdade fanática a Hitler e métodos de comando draconianos, Schörner emergiu como o último homem a alcançar a mais alta patente militar do Terceiro Reich. Sua carreira, marcada por ascensão meteórica e um fim ignominioso, oferece um vislumbre das tensões e da desintegração do regime nazista nos seus momentos finais.

Primeiros Anos e Carreira Militar Precoce

Nascido em 12 de junho de 1892 em Munique, Baviera, Ferdinand Schörner ingressou no exército bávaro em 1911. Sua participação na Primeira Guerra Mundial foi notável, onde serviu com distinção na frente italiana, ganhando a Cruz de Ferro de Primeira Classe e a prestigiosa medalha Pour le Mérite. Essa experiência formativa incutiu nele um desprezo pela derrota e uma crença na necessidade de disciplina férrea, características que o acompanhariam por toda a sua carreira.

Após a guerra, Schörner permaneceu no Reichswehr, o pequeno exército permitido à Alemanha sob o Tratado de Versalhes. Sua carreira progrediu lentamente, mas de forma constante, e ele ascendeu às fileiras, observando atentamente a ascensão do Partido Nazista.

Ascensão no Terceiro Reich

Com a ascensão de Hitler ao poder em 1933 e a subsequente expansão da Wehrmacht, a carreira de Schörner ganhou impulso. Ele era um fervoroso apoiador do regime nazista e sua lealdade a Hitler era inquestionável. Essa devoção ideológica, combinada com sua reputação de ser um oficial "linha-dura" e implacável, o tornou um favorito do Führer.

No início da Segunda Guerra Mundial, Schörner comandou a 98ª Divisão de Montanha durante a invasão da Polônia em 1939 e da França em 1940. Sua liderança agressiva e o foco em resultados, independentemente das perdas, chamaram a atenção do comando superior.

O "Açougueiro de Schörner" e a Frente Oriental

Foi na Frente Oriental, contudo, que Ferdinand Schörner realmente forjou sua reputação e seu legado sombrio. Sua transferência para o comando de unidades na União Soviética revelou sua abordagem brutal à guerra. Schörner acreditava firmemente que a disciplina severa era a chave para a vitória e não hesitaria em executar seus próprios homens por covardia, deserção ou insubordinação. Essa reputação lhe rendeu o apelido de "Açougueiro de Schörner" entre suas tropas e, eventualmente, entre os historiadores.

Ao longo dos anos de 1942 a 1944, Schörner comandou vários corpos e exércitos na Frente Oriental, incluindo o XXXX Corpo de Exército Panzer e o Grupo de Exércitos Sul. Ele era conhecido por suas táticas de "terra arrasada" e por exigir que suas tropas lutassem até o último homem, mesmo em situações desesperadoras. Sua implacabilidade e disposição para sacrificar milhares de vidas em nome da resistência fanática ressoavam com a mentalidade de Hitler, que via em Schörner a personificação da lealdade inabalável que esperava de seus generais.

O Último Marechal de Campo e a Defesa Final

À medida que a guerra se voltava decisivamente contra a Alemanha, a lealdade de Schörner a Hitler se intensificou. Em 1945, com o Reich desmoronando, Hitler depositou sua última esperança em comandantes que considerava absolutamente leais. Em 5 de abril de 1945, Ferdinand Schörner foi promovido a Marechal de Campo e nomeado comandante-em-chefe do Grupo de Exércitos Centro, encarregado de defender a linha de frente oriental contra o avanço soviético. Ele foi o último general alemão a ser promovido a essa patente, um testemunho de sua persistente devoção ao Führer em meio ao caos.

Nesse período final, Schörner impôs uma disciplina ainda mais brutal. Ordens foram emitidas para executar sumariamente qualquer soldado encontrado fora de sua posição ou tentando recuar. Ele via a deserção como um crime capital e não tinha escrúpulos em ordenar execuções em massa. Essa postura, embora impiedosa, era em parte uma tentativa de manter a coesão de um exército em ruínas e prolongar a resistência, conforme a vontade de Hitler.

O Fim da Guerra e o Legado

Com a rendição da Alemanha em maio de 1945, o Grupo de Exércitos Centro de Schörner foi uma das últimas grandes formações a se render. No entanto, Schörner não permaneceu com suas tropas. Em vez disso, ele abandonou seu comando e fugiu para a Áustria, disfarçado de civil. Essa deserção em face da derrota final manchou ainda mais sua reputação, mesmo entre alguns de seus antigos pares.

Capturado pelas forças americanas, Schörner foi posteriormente entregue aos soviéticos. Ele foi julgado por crimes de guerra e condenado a 25 anos de prisão, embora tenha sido libertado em 1955. Após sua libertação, ele retornou à Alemanha Ocidental, onde enfrentou mais processos por suas ações durante a guerra, mas acabou sendo absolvido. Ferdinand Schörner faleceu em 1973 em Munique, a mesma cidade onde nasceu.

O legado de Ferdinand Schörner é complexo e controverso. Ele é lembrado como um comandante militar competente, mas implacável, cuja lealdade cega a Hitler e a brutalidade de seus métodos ofuscaram quaisquer qualidades táticas que pudesse ter possuído. Sua promoção final a Marechal de Campo simbolizou a desesperada confiança de Hitler em figuras que espelhavam sua própria visão intransigente da guerra, mesmo quando a derrota era inevitável. Schörner permanece como um lembrete sombrio dos extremos a que a ideologia e a disciplina fanática podem levar no contexto de um conflito total.