Dídio Juliano (193)
Dídio Juliano, uma das mais breves — e trágicas — passagens pelo trono imperial de Roma.
Dídio Juliano: O Imperador Comprado
Marco Didio Severo Juliano ascendeu ao trono em 28 de março de 193 d.C., num dos episódios mais insólitos da história do Império Romano. Após o assassinato do imperador Públio Hélvio Pertinax pelos guardas pretorianos, a guarda decidiu leiloar o Império ao maior licitante — e Juliano, um senador rico e influente, ofereceu uma soma exorbitante, ganhando assim o trono.
Contexto Político e Crise Imperial
O ano 193 ficou conhecido como o Ano dos Cinco Imperadores. O Império passava por instabilidade tremenda após a morte de Cômodo e de Pertinax, e Juliano assumiu o poder sem apoio popular ou militar. A sua legitimidade era questionada desde o início: o povo romano desprezava o modo como chegou ao trono, e os exércitos nas províncias declararam rapidamente outros líderes como imperadores — nomeadamente Septímio Severo.
Breve Reinado e Queda
Durante os poucos meses de seu governo (cerca de 66 dias), Juliano tentou apaziguar as tensões, mas sem sucesso. Septímio Severo marchou sobre Roma com apoio militar sólido. Dídio Juliano tentou negociar, oferecendo até dividir o poder, mas foi abandonado por seus aliados.
A 1 de junho de 193, o Senado romano, pressionado por Severo e pela opinião pública, condenou Juliano à morte. Ele foi executado no Palácio e substituído por Severo, que daria início a uma nova dinastia.
Legado
Dídio Juliano é frequentemente lembrado como símbolo de corrupção e decadência do final do século II. Seu curto reinado revela até que ponto as instituições romanas estavam vulneráveis a interesses privados e à manipulação militar.