Basilisco I (867 – 886)
Monografia: Basílio I, o Macedônio (867–886) – De camponês a imperador
Introdução
Basílio I, conhecido como "o Macedônio", foi imperador do Império Bizantino de 867 a 886. Sua ascensão ao trono marcou o início da dinastia macedônica, uma das mais duradouras e influentes da história bizantina. De origens humildes, Basílio personifica a ascensão social possível no contexto bizantino, e seu reinado foi caracterizado por reformas administrativas, fortalecimento do poder imperial e florescimento cultural.
Contexto Histórico
O século IX foi um período de transição para o Império Bizantino, após décadas de instabilidade política e ameaças externas.
O império enfrentava pressões dos árabes no leste, dos búlgaros no norte e de disputas internas entre facções aristocráticas e religiosas.
O imperador Miguel III, último da dinastia amoriana, governava com crescente impopularidade, abrindo espaço para a ascensão de Basílio.
Ascensão ao Poder
Basílio nasceu por volta de 811 na Trácia ou na Macedônia, de origem armênia ou eslava, em uma família camponesa.
Chegou a Constantinopla como um jovem ambicioso e ganhou notoriedade por sua força física e carisma.
Tornou-se favorito do imperador Miguel III, que o nomeou coimperador em 866.
Em 867, Basílio assassinou Miguel III e assumiu o trono como imperador único.
Governo e Reformas
Administração e Justiça
Reorganizou o sistema legal, promovendo a compilação de leis em grego, conhecidas como Basilika, que substituíram o antigo Corpus Juris Civilis de Justiniano.
Combateu a corrupção e buscou centralizar o poder imperial, reduzindo a influência das famílias aristocráticas.
Política Externa
Conduziu campanhas militares bem-sucedidas contra os árabes na Sicília e na Ásia Menor.
Estabeleceu relações diplomáticas com o Ocidente, incluindo o Papa e o Império Carolíngio.
Religião
Fortaleceu a ortodoxia bizantina e apoiou o Patriarca Fócio, figura central na disputa com Roma.
Apoiou a missão cristianizadora dos irmãos Cirilo e Metódio entre os eslavos, o que teve impacto duradouro na cristianização da Europa Oriental.
Legado
Fundador da dinastia macedônica, que governaria até 1056 e levaria o império a um novo apogeu.
Sua compilação legal influenciou o direito bizantino por séculos.
Apesar de sua origem humilde e ascensão violenta, é lembrado como um governante eficaz e reformador.
Controvérsias
O assassinato de Miguel III manchou sua reputação entre alguns cronistas.
Sua legitimidade foi questionada por opositores que o viam como um usurpador.
A relação com o patriarca Fócio e o cisma com Roma geraram tensões religiosas duradouras.
Conclusão
Basílio I representa uma figura paradoxal: um camponês que se tornou imperador, um assassino que se tornou legislador, e um outsider que fundou uma das dinastias mais importantes do Império Bizantino. Seu reinado lançou as bases para um renascimento cultural e político que definiria o império nos séculos seguintes.