Alfred Schlemm (1894-1986)
Alfred Schlemm (1894-1986): Um Estudo Abrangente
Alfred Schlemm foi um oficial militar alemão que serviu nas Forças Armadas imperiais, na Reichswehr e, mais notavelmente, na Wehrmacht durante a Segunda Guerra Mundial. Sua carreira abrangeu períodos de significativa turbulência e transformação na história militar alemã, e sua trajetória reflete as complexidades e os desafios enfrentados por muitos de seus contemporâneos. Esta monografia busca explorar a vida e a carreira de Schlemm em detalhes, analisando seus papéis, suas decisões e seu legado no contexto dos conflitos em que esteve envolvido.
Primeiros Anos e Início da Carreira Militar
Alfred Schlemm nasceu em 8 de dezembro de 1894 em Rudolstadt, no então Principado de Schwarzburg-Rudolstadt, parte do Império Alemão. Pouco se sabe sobre sua infância e juventude, mas ele ingressou no Exército Imperial Alemão em 1913, um ano antes do início da Primeira Guerra Mundial. Sua entrada nas forças armadas nessa época sugere uma predisposição para a carreira militar, algo comum entre jovens alemães da época.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Schlemm serviu em várias frentes, ganhando experiência em combate e ascendendo nas fileiras. Embora os detalhes específicos de seu serviço neste período sejam escassos, é provável que ele tenha participado das intensas batalhas de atrito características da Grande Guerra, o que teria moldado suas perspectivas táticas e operacionais. Como muitos de seus colegas, ele testemunhou o colapso do Império Alemão e o advento da República de Weimar.
A Reichswehr e a Ascensão do Nazismo
Após o fim da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi severamente restringida pelo Tratado de Versalhes, que limitou o tamanho e o escopo de suas forças armadas. A Reichswehr, o pequeno exército permitido, tornou-se o guardião da tradição militar alemã. Alfred Schlemm conseguiu manter sua posição neste exército reduzido, o que indica que ele era considerado um oficial competente e promissor. Durante o período entre guerras, Schlemm provavelmente participou de treinamentos e desenvolvimentos doutrinários que visavam modernizar o exército alemão dentro das restrições impostas.
Com a ascensão de Adolf Hitler e do Partido Nazista ao poder em 1933, a Reichswehr foi rapidamente transformada na Wehrmacht, e o rearmamento da Alemanha começou em grande escala. Este período ofereceu novas oportunidades para oficiais como Schlemm. Ele ascendeu constantemente na hierarquia, beneficiando-se da expansão das forças armadas e da ênfase na guerra mecanizada e na Blitzkrieg.
Segunda Guerra Mundial: Papéis e Desempenho
A carreira de Alfred Schlemm atingiu seu auge durante a Segunda Guerra Mundial. Ele serviu em diversas funções de comando, demonstrando adaptabilidade e capacidade tática em diferentes cenários de combate.
Campanhas Iniciais e Frente Oriental
Inicialmente, Schlemm participou das campanhas vitoriosas da Wehrmacht no início da guerra, como a invasão da Polônia (1939) e da França (1940). No entanto, foi na Frente Oriental que ele realmente se destacou. Em junho de 1941, com o início da Operação Barbarossa, a invasão da União Soviética, Schlemm esteve envolvido em alguns dos combates mais brutais da guerra.
Ele comandou diversas unidades, incluindo divisões de infantaria e, mais tarde, formações de paraquedistas. A experiência na Frente Oriental foi um teste de fogo para muitos oficiais alemães, dada a vastidão do território, as condições climáticas extremas e a ferocidade dos combates. Schlemm conseguiu manter a coesão de suas unidades e executar operações complexas sob intensa pressão.
O Corpo Fallschirm-Panzer Hermann Göring e o Corpo de Paraquedistas I
Um dos pontos mais notáveis de sua carreira foi seu comando do Corpo Fallschirm-Panzer Hermann Göring, uma formação de elite de paraquedistas e panzers. Esta unidade foi inicialmente concebida como uma força de infantaria motorizada, mas evoluiu para uma divisão blindada e, eventualmente, um corpo de exército, refletindo a ênfase da Luftwaffe em ter suas próprias formações de combate terrestres.
Mais tarde, Schlemm assumiu o comando do Corpo de Paraquedistas I (I. Fallschirm-Korps) em 1º de novembro de 1943. Esta foi uma das formações de elite da Luftwaffe, e Schlemm liderou-a em algumas das batalhas mais cruciais da guerra, particularmente na Frente Italiana.
A Campanha Italiana e a Batalha de Monte Cassino
Na Itália, Schlemm e seu Corpo de Paraquedistas I enfrentaram as forças Aliadas em terrenos montanhosos difíceis, que favoreciam a defesa. Seu comando se tornou particularmente famoso durante a Batalha de Monte Cassino (janeiro-maio de 1944). As forças de Schlemm, apesar de estarem em desvantagem numérica e de recursos, conseguiram infligir pesadas baixas aos Aliados e atrasar significativamente seu avanço.
Monte Cassino foi uma defesa feroz e prolongada, na qual os paraquedistas alemães, sob a liderança de Schlemm, demonstraram grande tenacidade e disciplina. Embora a posição finalmente tenha caído, a resistência oferecida por Schlemm e seus homens é frequentemente citada como um exemplo de excelência tática e de engenharia defensiva por parte dos alemães. Ele demonstrou uma notável capacidade de organizar e coordenar defesas complexas, aproveitando ao máximo o terreno e os recursos disponíveis. Sua liderança em Monte Cassino solidificou sua reputação como um comandante defensivo hábil.
Final da Guerra e Cativeiro
Após a campanha italiana, Alfred Schlemm continuou a servir em posições de comando. Ele foi posteriormente transferido para a Frente Ocidental. Em março de 1945, enquanto comandava o Exército Paraquedista Primeiro (1. Fallschirm-Armee) na região do rio Reno, Schlemm foi gravemente ferido em um ataque aéreo. Seus ferimentos o incapacitaram para o combate ativo pelo restante da guerra.
Com o fim da guerra e a rendição da Alemanha em maio de 1945, Schlemm foi feito prisioneiro de guerra pelos Aliados. Ele permaneceu em cativeiro por alguns anos, sendo libertado em 1948. Durante seu período como prisioneiro, ele provavelmente foi interrogado sobre suas experiências e conhecimentos militares.
Pós-Guerra e Legado
Após sua libertação, Alfred Schlemm levou uma vida relativamente discreta na Alemanha Ocidental. Como muitos ex-oficiais da Wehrmacht, ele teve que se adaptar a uma nova realidade, em um país dividido e se reconstruindo após a devastação da guerra. Ele faleceu em 17 de janeiro de 1986, aos 91 anos de idade.
O legado de Alfred Schlemm é complexo, como o de muitos comandantes da Wehrmacht. Por um lado, ele é reconhecido por suas habilidades táticas e estratégicas, particularmente sua capacidade de organizar defesas eficazes em condições adversas, como demonstrado em Monte Cassino. Por outro lado, sua associação com as forças armadas do regime nazista levanta questões éticas e morais que são inseparáveis da história da Segunda Guerra Mundial.
No entanto, do ponto de vista puramente militar, Schlemm é lembrado como um comandante competente que soube extrair o máximo de suas tropas, mesmo em situações desesperadoras. Sua atuação em Monte Cassino é frequentemente estudada em academias militares como um exemplo de defesa tenaz contra um inimigo superior.
Conclusão
Alfred Schlemm foi um oficial de carreira cuja trajetória militar espelha as grandes transformações e tragédias da Alemanha no século XX. De soldado do Império a general na Wehrmacht de Hitler, ele participou de duas Guerras Mundiais, testemunhando a ascensão e queda de regimes. Sua notável capacidade defensiva, exemplificada em Monte Cassino, assegurou seu lugar nos anais da história militar, embora sua lealdade a um regime criminoso seja um lembrete sombrio dos dilemas enfrentados por aqueles que serviram em tais circunstâncias. Estudar a vida de Alfred Schlemm é, portanto, não apenas examinar a carreira de um comandante, mas também refletir sobre as profundas e intrincadas relações entre guerra, política e moralidade.