Alfred Jodl: Chefe de Operações do OKW

 

Alfred Jodl: Chefe de Operações do OKW

Alfred Jodl, uma figura central no Alto Comando das Forças Armadas Alemãs (Oberkommando der Wehrmacht - OKW) durante a Segunda Guerra Mundial, desempenhou um papel crucial na formulação e execução da estratégia militar da Alemanha Nazista. Como Chefe do Estado-Maior de Operações do OKW, Jodl foi o principal conselheiro militar de Adolf Hitler, traduzindo as diretrizes do Führer em planos operacionais e supervisionando a sua implementação. A sua lealdade inabalável a Hitler e a sua meticulosa abordagem ao planeamento militar fizeram dele uma peça indispensável na máquina de guerra alemã, mas também um dos principais acusados nos Julgamentos de Nuremberga.

Primeiros Anos e Carreira Militar Precoce

Alfred Josef Ferdinand Jodl nasceu em 10 de maio de 1890, em Würzburg, Baviera, numa família com tradição militar. O seu pai era um oficial de artilharia. Jodl seguiu os passos do pai, ingressando na Escola de Cadetes de Munique em 1903 e, posteriormente, na Academia de Guerra da Baviera. Em 1910, foi comissionado como segundo-tenente na artilharia.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Jodl serviu tanto na Frente Ocidental como na Frente Oriental, demonstrando competência e ganhando experiência em diversas funções de estado-maior e comando de artilharia. Foi ferido em combate e condecorado por bravura. A sua experiência neste conflito moldou a sua visão da guerra e a sua valorização da coordenação e do planeamento estratégico.

Após a guerra, Jodl continuou a sua carreira no Reichswehr, as forças armadas limitadas da República de Weimar. A sua inteligência e capacidade analítica rapidamente o destacaram. Ele passou por várias posições de estado-maior, aprofundando o seu conhecimento em estratégia e logística militar. Em 1935, com a ascensão do regime nazista e o rearmamento alemão, Jodl foi promovido a coronel e começou a trabalhar mais de perto com o nascente OKW.

A Ascensão no OKW e a Relação com Hitler

A nomeação de Jodl como Chefe do Estado-Maior de Operações do OKW em 1939, sob a liderança do Marechal de Campo Wilhelm Keitel, marcou o início da sua influência significativa no decorrer da Segunda Guerra Mundial. O OKW, sob Hitler, tornou-se o órgão central de comando e controlo das forças armadas alemãs, e Jodl era o seu principal arquiteto operacional.

A relação de Jodl com Hitler era complexa e multifacetada. Inicialmente, Jodl, como muitos outros oficiais do exército, via Hitler como um líder forte capaz de restaurar a glória da Alemanha. À medida que a guerra avançava, a sua lealdade a Hitler tornou-se quase absoluta. Jodl era um executante diligente, traduzindo as ordens, por vezes impulsivas e pouco realistas, de Hitler em diretivas militares detalhadas. Ele era conhecido pela sua capacidade de argumentar de forma lógica e perspicaz, embora raramente desafiasse fundamentalmente as decisões de Hitler, mesmo quando tinha dúvidas internas.

A sua função principal consistia em apresentar relatórios diários de situação a Hitler, discutir as opções estratégicas e táticas, e depois elaborar as ordens de operação necessárias. Ele passava horas nas conferências de situação de Hitler, muitas vezes sendo o único oficial presente além de Keitel. Esta proximidade deu-lhe um poder imenso, mas também o ligou intrinsecamente às decisões e atrocidades do regime.

Papel na Formulação da Estratégia de Guerra

Jodl esteve envolvido em todas as principais decisões estratégicas da Alemanha Nazista, desde o planeamento da Blitzkrieg na Polónia e na França até à invasão da União Soviética (Operação Barbarossa) e às campanhas posteriores.

  • Blitzkrieg e Invasões Iniciais: Jodl participou ativamente no planeamento detalhado das invasões da Polónia, Dinamarca, Noruega, Países Baixos, Bélgica e França. A sua experiência em logística e coordenação foi crucial para o sucesso inicial destas campanhas, que demonstraram a eficácia da doutrina da Blitzkrieg.

  • Operação Barbarossa: A invasão da União Soviética, a Operação Barbarossa, foi a maior e mais ambiciosa campanha militar da Alemanha. Jodl teve um papel central no planeamento desta operação massiva, incluindo a alocação de recursos, a definição de objetivos estratégicos e a coordenação entre os diferentes grupos de exércitos. Ele partilhava a crença de Hitler de que a União Soviética seria derrotada rapidamente, subestimando gravemente a sua capacidade de resistência.

  • Guerra Total e Retirada: À medida que a maré da guerra virava contra a Alemanha, Jodl continuou a ser o principal executor das ordens de Hitler. Ele foi fundamental na gestão das operações defensivas, na tentativa de estabilizar as frentes e na organização das retiradas. No entanto, a sua lealdade a Hitler significava que ele frequentemente tinha que defender e implementar estratégias que eram militarmente insustentáveis, como a ordem de "lutar até ao último homem" em posições indefensáveis.

  • Diretivas de Extermínio: Um dos aspetos mais sombrios do papel de Jodl foi a sua implicação nas diretivas criminosas de Hitler. Embora não fosse um ideólogo nazista no sentido estrito, a sua posição no OKW implicava a tradução de ordens de Hitler que tinham ramificações genocidas, como a "Ordem dos Comissários" (Kommissarbefehl) e outras diretivas relacionadas com o tratamento brutal de prisioneiros de guerra soviéticos e a repressão de populações civis nos territórios ocupados. A sua defesa nos julgamentos posteriores seria que ele estava apenas a seguir ordens, uma defesa que foi refutada pelo tribunal.

O Julgamento de Nuremberga e Legado

Após a rendição incondicional da Alemanha em maio de 1945, Alfred Jodl foi preso pelas forças aliadas. Foi um dos 24 principais acusados nos Julgamentos de Nuremberga, realizados pelo Tribunal Militar Internacional.

Jodl foi acusado de conspiração para cometer crimes contra a paz, planeamento, iniciação e condução de guerras de agressão, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Durante o julgamento, ele manteve a sua inocência, argumentando que era um soldado profissional que apenas cumpria ordens e que a sua lealdade era para com a sua nação e o seu comandante-em-chefe. Ele tentou justificar as suas ações como sendo estritamente militares, negando qualquer conhecimento direto das atrocidades generalizadas ou da ideologia genocida do regime.

No entanto, o tribunal considerou que as suas ações iam além da mera obediência militar. A sua participação ativa na formulação de planos de guerra agressivos e a sua assinatura de ordens que resultaram em crimes de guerra foram consideradas provas suficientes. O tribunal rejeitou a sua defesa de "ordem superior", afirmando que os crimes contra o direito internacional não podiam ser justificados pela obediência a um governo ou um superior.

Alfred Jodl foi considerado culpado de todas as quatro acusações e foi condenado à morte. Foi enforcado em 16 de outubro de 1946, juntamente com outros líderes nazistas proeminentes.

O legado de Alfred Jodl é complexo e controverso. Ele é lembrado como um brilhante estrategista militar e um homem de grande capacidade organizacional, mas a sua lealdade cega a Hitler e o seu envolvimento direto na máquina de guerra nazista, incluindo as suas ramificações criminosas, mancharam indelevelmente a sua reputação. A sua história serve como um lembrete sombrio da responsabilidade individual, mesmo em tempos de guerra e sob comando autoritário. A sua condenação em Nuremberga solidificou o princípio de que a obediência não isenta um indivíduo de responsabilidade por crimes contra a humanidade.