Socar – O Deus Egípcio da Necrópole e da Ressurreição

 



Socar – O Deus Egípcio da Necrópole e da Ressurreição


Introdução

Socar, também conhecido como Sokar ou Seker, é uma divindade do Antigo Egito associada à morte, ao submundo e à ressurreição. Originalmente venerado em Mênfis, sua figura evoluiu ao longo dos períodos dinásticos, sendo posteriormente fundido com outras divindades como Ptá e Osíris. Esta monografia explora sua origem, atributos, culto e importância simbólica na religião egípcia.

Origem e Evolução

Socar era inicialmente um deus local da necrópole de Saqqara, próxima a Mênfis. Sua adoração remonta ao período pré-dinástico e ao Reino Antigo. Com o tempo, sua função como protetor dos mortos e patrono dos artesãos funerários o tornou uma figura central nos rituais de morte e renascimento. No Reino Médio, foi sincretizado com Ptá e Osíris, formando a tríade Ptá-Socar-Osíris, que simbolizava criação, estabilidade e morte.

Atributos e Simbolismo

Socar é frequentemente representado como um homem mumificado com cabeça de falcão, usando a coroa Atef ou o disco solar com chifres e serpentes. Em algumas representações, aparece como um falcão sobre um monte funerário ou em um barco cerimonial chamado Henu. Esses símbolos reforçam sua ligação com o submundo, a ressurreição e o poder sobre as forças caóticas.

Culto e Festivais

O principal centro de culto de Socar era Mênfis, onde seu festival era celebrado no quarto mês da estação de Akhet. Durante o festival, sua imagem era levada em procissão no barco Henu, e o faraó participava de rituais agrícolas como cavar canais e capinar a terra, simbolizando a renovação da vida e a continuidade do poder real. No Reino Novo, o festival também era celebrado em Tebas, rivalizando em importância com o Festival de Opet.

Funções Religiosas

Além de deus funerário, Socar era associado à fertilidade da terra, à proteção dos mortos e à fabricação de objetos rituais. Como patrono dos artesãos, era considerado o moldador dos ossos reais e o criador de tigelas de prata para os mortos. No Livro dos Mortos, aparece como figura essencial na jornada do falecido pelo submundo.

Iconografia e Representações

Socar aparece em tumbas reais como a de Tutemés III, onde é mostrado sobre uma serpente ctônica, simbolizando seu domínio sobre o caos. Estátuas de Ptá-Socar-Osíris eram comuns na Época Baixa, representando-o como uma figura mumiforme sobre um pedestal, às vezes com a cabeça de falcão. Sua imagem também influenciou a criação do deus Pateco, uma forma protetora popular no Egito tardio.

Conclusão

Socar é uma das divindades mais complexas e multifacetadas do panteão egípcio. Sua evolução de deus local a figura central nos rituais funerários reflete a importância da morte e da ressurreição na cosmovisão egípcia. Como símbolo de transformação, fertilidade e proteção, Socar permanece uma figura essencial para compreender a espiritualidade do Antigo Egito.