Mut: A Deusa Mãe do Antigo Egito

 


Mut: A Deusa Mãe do Antigo Egito

Introdução

A mitologia egípcia é rica em divindades que personificam aspectos fundamentais da existência, como a criação, a fertilidade, a guerra e a morte. Entre essas figuras, destaca-se Mut, cujo nome significa “mãe” na antiga língua egípcia. Reverenciada como a Grande Mãe, Mut foi uma das principais deusas do panteão egípcio, especialmente durante o Império Novo. Esta monografia tem como objetivo explorar a origem, os atributos, o culto e a representação simbólica de Mut, analisando seu papel como deusa primordial e sua importância na religião e na política do Antigo Egito.

1. Origem e Significado

Mut surgiu como uma divindade associada à maternidade e à criação. Seu nome, que literalmente significa “mãe”, reflete seu papel como fonte de toda a vida. Ela era considerada uma deusa primordial, emergindo das Águas Primordiais (Nun), e muitas vezes era descrita como “aquela que dá à luz, mas que não nasceu de ninguém”.

2. Mitologia e Relações Divinas

Mut era consorte de Amon, o deus supremo de Tebas, e juntos formavam uma tríade com seu filho Khonsu, o deus da lua. Em algumas tradições, Montu, deus da guerra, também é considerado seu filho. Essa tríade era central no culto tebano e simbolizava a ordem cósmica e a estabilidade do reino.

Mut também absorveu os atributos de outras deusas, como Wadjet e Nekhbet, conhecidas como as “Duas Damas”, que representavam a unificação do Alto e Baixo Egito. Essa fusão de atributos reforçou sua posição como deusa nacional e símbolo da realeza.

3. Representações e Simbolismo

Na arte egípcia, Mut era frequentemente representada como uma mulher com a coroa dupla do Alto e Baixo Egito, com asas de abutre, segurando um ankh e um cetro de papiro. Em algumas representações, ela aparece como uma leoa, uma vaca ou até mesmo com traços andróginos, simbolizando sua natureza abrangente e criadora.

O abutre, animal com o qual Mut era frequentemente associada, simbolizava proteção materna e poder divino. Ela também era vista como uma deusa do céu, com o “nó mágico” em suas garras, conectando o mundo divino ao humano.

4. Culto e Centros de Adoração

O principal centro de culto de Mut era o templo de Karnak, em Tebas, onde ela era venerada como “Senhora de Isheru”. Esse templo possuía um lago sagrado em forma de lua crescente, onde se realizava o Festival de Mut, uma celebração marcada por procissões, oferendas e rituais de fertilidade.

Durante o Império Novo, seu culto se expandiu significativamente, e Mut passou a ser adorada em outras regiões como Tanis, Mendes e o oásis de Dakhla. Sua associação com a realeza era tão forte que rainhas e faraós buscavam legitimar seu poder por meio da identificação com a deusa.

5. Mut e o Feminino Sagrado

Mut representa o arquétipo da Mãe Universal, reunindo em si os aspectos de criação, proteção, fertilidade e destruição. Sua figura sintetiza o princípio feminino da realeza egípcia e é frequentemente comparada a outras grandes deusas como Hathor, Neith e Sekhmet. Em sua forma de leoa, Mut também encarnava o poder destrutivo necessário para proteger a ordem cósmica.

Conclusão

Mut é uma das figuras mais complexas e poderosas da mitologia egípcia. Como deusa mãe, ela transcende os limites do feminino tradicional, incorporando aspectos de criação e destruição, proteção e autoridade. Sua importância religiosa e política reflete a centralidade do princípio materno na cosmovisão egípcia. Estudar Mut é compreender não apenas uma divindade, mas um símbolo profundo da cultura e espiritualidade do Antigo Egito.