Inpu: O Guardião dos Mortos na Mitologia Egípcia
Inpu: O Guardião dos Mortos na Mitologia Egípcia
Introdução
A mitologia egípcia é um vasto universo simbólico que reflete as crenças, valores e temores de uma das civilizações mais antigas da humanidade. Entre os muitos deuses que compõem o panteão egípcio, Inpu — mais conhecido pelo nome grego Anúbis — destaca-se como uma divindade associada à morte, à mumificação e à proteção das almas no além. Esta monografia tem como objetivo explorar a origem, os atributos, o culto e a representação simbólica de Inpu, analisando seu papel central nos rituais funerários e sua evolução ao longo da história egípcia.
Origem e Genealogia
Inpu é tradicionalmente considerado filho da deusa Néftis e, em algumas versões, de Osíris. Sua concepção é envolta em mistério, refletindo a ambiguidade entre vida e morte. Como divindade ctônica, Inpu pertence ao domínio do submundo, sendo um dos primeiros deuses associados ao julgamento das almas.
Atributos e Simbolismo
Inpu é geralmente representado como um homem com cabeça de chacal ou como um chacal negro. O chacal, animal que rondava os cemitérios, foi associado à proteção dos mortos. A cor negra simboliza tanto a decomposição quanto a fertilidade do solo do Nilo, sugerindo um ciclo de morte e renascimento.
Seus principais atributos incluem:
O cetro uas, símbolo de poder.
O ankh, símbolo da vida eterna.
A balança do julgamento, usada no ritual da pesagem do coração.
Funções e Culto
Inpu desempenhava múltiplas funções:
Protetor das necrópoles: guardava os túmulos contra profanações.
Senhor da mumificação: supervisionava o embalsamamento e garantia a integridade do corpo.
Guia das almas: conduzia os mortos até o tribunal de Osíris.
Juiz dos mortos: participava do julgamento da alma, pesando o coração contra a pena de Maat.
O culto a Inpu era particularmente forte em cidades como Cinópolis e em necrópoles como Saqqara. Sacerdotes especializados realizavam rituais em sua honra, e amuletos com sua imagem eram comuns nos sarcófagos.
Inpu na Arte e na Literatura
Inpu aparece em inúmeros papiros funerários, como o "Livro dos Mortos", onde é retratado no ritual da psicostasia. Sua imagem também é encontrada em tumbas, templos e estelas funerárias. Na arte, sua postura é geralmente vigilante, reforçando seu papel como guardião.
Transformações ao Longo do Tempo
Com o passar dos séculos, Inpu foi parcialmente substituído por Osíris como deus dos mortos, mas manteve seu papel como embalsamador e guia. Durante o período greco-romano, sua imagem foi sincretizada com deuses como Hermes, originando a figura de Hermanúbis.
Conclusão
Inpu representa a complexa relação dos egípcios com a morte, marcada não pelo medo, mas pela preparação e esperança na vida eterna. Seu papel como protetor, guia e juiz revela uma teologia sofisticada, onde a morte é apenas uma transição. Estudar Inpu é compreender não apenas um deus, mas uma visão de mundo onde o além é tão importante quanto o presente.