Imperadores Romanos

 


Imperadores Romanos

Aqui está uma lista cronológica completa dos imperadores romanos, desde o início do Império com Augusto até a queda de Roma no Ocidente (476 d.C.) e continuação no Oriente (Império Bizantino) até a queda de Constantinopla (1453 d.C.):

Império Romano do Ocidente (27 a.C. – 476 d.C.)


Dinastia Júlio-Claudiana (27 a.C. – 68 d.C.)

A Dinastia Júlio-Claudiana foi a primeira dinastia imperial de Roma, governando de 27 a.C. a 68 d.C., e marcou a transição definitiva da República para o Império. Ela foi composta por cinco imperadores: Augusto, Tibério, Calígula, Cláudio e Nero, todos ligados por laços de sangue ou adoção entre as famílias Júlia e Cláudia.

A Dinastia Júlio-Claudiana consolidou o modelo imperial romano, mas também revelou os perigos do poder absoluto. Seu fim deu início ao conturbado Ano dos Quatro Imperadores, até a ascensão da Dinastia Flaviana.


Augusto (27 a.C. – 14 d.C.)

Conhecido como o fundador do Império Romano, Augusto (nascido Caio Otávio Turino) assumiu o poder em um momento de enorme instabilidade. Após o assassinato de Júlio César, seu tio-avô e pai adotivo, Otávio emergiu como uma figura central na luta pelo controle de Roma. Ao derrotar Marco Antônio e Cleópatra na Batalha de Áccio (31 a.C.), consolidou seu poder e iniciou um novo capítulo: o Império Romano.

Em 27 a.C., ele foi oficialmente nomeado “Augusto” pelo Senado — título que evocava reverência religiosa e autoridade moral. Embora mantivesse a fachada de instituições republicanas, Augusto centralizou o poder em si e estabeleceu o principado, um sistema político que combinava formas republicanas com o controle efetivo de um monarca.

Durante seu governo:

Estabilizou as fronteiras e promoveu uma era de paz, conhecida como Pax Romana.

Reorganizou o exército e criou um serviço civil estruturado.

Incentivou as artes, com escritores como Virgílio e Horácio florescendo sob seu patrocínio.

Empreendeu vastos projetos de urbanismo: “Encontrei Roma uma cidade de tijolos e a deixei de mármore”, dizia ele.

Mas seu legado não é isento de complexidade: promoveu uma moral tradicionalista, exilou membros da própria família por má conduta, e consolidou um poder pessoal que suprimia a oposição.


Tibério (14 – 37 d.C.)

O reinado de Tibério, uma figura fascinante do Império Romano.

Tibério (42 a.C. – 37 d.C.) foi o segundo imperador de Roma, sucedendo seu padrasto, Augusto, em 14 d.C. Seu governo, que se estendeu até sua morte em 37 d.C., foi marcado por contrastes entre competência administrativa e crescente repressão política.

Início e Ascensão

Tibério era membro da influente família Júlio-Claudiana. Embora inicialmente relutante em assumir o poder, acabou por se tornar imperador após a morte de Augusto. Era um militar experiente, tendo conduzido campanhas de sucesso na Germânia e nos Balcãs, o que lhe garantiu respeito entre as legiões.

Governo e Administração

Durante os primeiros anos, Tibério mostrou-se um líder prudente. Manteve as políticas de Augusto e foi eficiente na gestão das finanças públicas. No entanto, com o tempo, passou a se afastar da vida pública, transferindo parte do poder a aliados como Sejano, chefe da Guarda Pretoriana.

Repressão e Isolamento

Após conspirações e desconfianças crescentes, Tibério tornou-se mais paranoico e autoritário. Muitas execuções por traição marcaram seus últimos anos no poder. Ele se isolou na ilha de Capri, governando à distância e alimentando sua fama de tirano misterioso.

Legado

Apesar das críticas, Tibério manteve a estabilidade do império e legou aos seus sucessores um Estado financeiramente sólido. Seu estilo reservado e repressivo, no entanto, o tornou impopular tanto entre o Senado quanto entre o povo.


Calígula (37 – 41 d.C.)

Calígula, cujo nome completo era Caio Júlio César Augusto Germânico, foi imperador romano de 37 a 41 d.C., e é lembrado como uma das figuras mais controversas da história do Império Romano. Seu curto reinado foi marcado por uma transformação drástica: de um governante inicialmente popular e promissor para um líder autoritário, excêntrico e, segundo muitos relatos, cruel.

Ascensão ao poder

Calígula era filho de Germânico, um general muito amado pelo povo, e de Agripina, neta de Augusto. Desde pequeno, acompanhava o pai nas campanhas militares e ganhou o apelido “Calígula” — que significa “sandalinha” — por usar uma versão infantil do uniforme militar. Após a morte de Tibério, Calígula foi aclamado imperador com apenas 24 anos, sendo inicialmente recebido com entusiasmo pelo povo e pelo Senado.

Primeiros meses de governo

Nos primeiros meses, Calígula tomou medidas populares: libertou prisioneiros políticos, aboliu impostos impopulares e organizou espetáculos públicos. Sua imagem era a de um novo começo após o governo sombrio de Tibério.

A virada: doença e tirania

Pouco tempo depois de assumir o trono, Calígula adoeceu gravemente. Muitos historiadores acreditam que, após esse episódio, sua personalidade mudou radicalmente. Ele passou a demonstrar comportamentos considerados paranoicos, sádicos e extravagantes. Entre os episódios mais famosos estão:

A nomeação simbólica de seu cavalo, Incitatus, como cônsul.

A construção de uma ponte flutuante sobre a baía de Baiae apenas para desfilar com armadura.

A exigência de ser adorado como um deus em vida.

A tentativa de instalar uma estátua sua no Templo de Jerusalém, o que quase provocou uma revolta.

Obras e administração

Apesar de sua reputação, Calígula também promoveu obras públicas importantes, como a construção dos aquedutos Aqua Claudia e Anio Novus, além de teatros e melhorias em portos e estradas. Ele anexou a Mauritânia ao Império e tentou campanhas militares na Germânia e na Britânia, embora muitas tenham sido vistas como encenações para autopromoção.

Queda e assassinato

Em janeiro de 41 d.C., após apenas quatro anos de governo, Calígula foi assassinado por membros da Guarda Pretoriana, liderados por Cássio Quereia. Sua esposa e filha também foram mortas. O Senado cogitou restaurar a República, mas a Guarda proclamou Cláudio, tio de Calígula, como novo imperador.

Legado

Calígula permanece uma figura envolta em mistério e exagero. Muitos relatos sobre ele vêm de fontes hostis, como Suetônio e Cássio Dio, o que levanta dúvidas sobre a veracidade de algumas histórias. Ainda assim, ele simboliza os perigos do poder absoluto e da instabilidade psicológica no comando de um império.


Cláudio (41 – 54 d.C.)

Um Imperador Inesperado e Reformador

Tido como uma figura improvável para o trono, Cláudio (Tiberius Claudius Caesar Augustus Germanicus) tornou-se imperador após o assassinato de Calígula. Acadêmico e erudito por natureza, foi subestimado por muitos devido à sua fala arrastada e postura física – traços que provavelmente lhe pouparam a vida durante as purgas políticas anteriores.

Tio de Calígula, Cláudio foi escolhido pelos pretorianos e surpreendeu ao se mostrar um governante eficaz. Expandiu o império com a conquista da Bretanha, promoveu reformas administrativas e ampliou o acesso à cidadania romana. No entanto, seu governo também foi influenciado por intrigas palacianas.

Durante o seu reinado, Cláudio demonstrou ser um administrador competente e ambicioso reformador. Eis alguns aspetos essenciais do seu governo:

Expansão do Império: A conquista da Britânia em 43 d.C. foi uma das suas maiores realizações militares. Essa campanha consolidou o prestígio romano no noroeste da Europa.

Reformas administrativas: Cláudio descentralizou o poder ao incorporar membros das províncias ao Senado, o que ajudou a integrar melhor os povos conquistados ao império.

Obras públicas: Investiu em infraestrutura, incluindo aquedutos, portos e estradas – como o porto de Óstia, que melhorou o abastecimento de Roma.

Justiça e burocracia: Promoveu maior eficiência judicial e combateu a corrupção no aparelho estatal, dando mais autonomia aos libertos que trabalhavam como seus secretários.

Apesar dessas conquistas, enfrentou conspirações dentro da própria corte. O casamento com Agripina, a Jovem, mãe de Nero, foi decisivo para o final do seu governo: acredita-se que tenha sido envenenado por ela para favorecer a ascensão do filho.

Cláudio é muitas vezes lembrado como o “imperador improvável” que surpreendeu Roma com sua inteligência estratégica e suas reformas duradouras.


Nero (54 – 68 d.C.)

O Último dos Júlio-Cláudios

Nero Cláudio César Augusto Germânico foi imperador de Roma de 54 a 68 d.C., sucedendo seu padrasto, o imperador Cláudio. A sua ascensão ao trono foi muito influenciada por sua mãe, Agripina, que arquitetou casamentos políticos e alianças estratégicas para garantir o poder ao filho.

Filho adotivo de Cláudio, Nero começou seu reinado sob a orientação de Sêneca, mas logo se tornou conhecido por sua tirania, perseguições (especialmente contra cristãos) e extravagâncias. O grande incêndio de Roma em 64 d.C. e sua repressão brutal aos opositores minaram seu apoio. Declarado inimigo público, cometeu suicídio, encerrando a dinastia.

Reinado: Luzes e Sombras

No início, seu governo teve um viés positivo, com reformas fiscais e apoio às artes. Influenciado por tutores como Sêneca e Burro, Nero parecia promissor. Mas logo o cenário mudou dramaticamente. À medida que consolidava o poder, Nero tornou-se cada vez mais autoritário e paranoico. Com o tempo, mandou matar a própria mãe e mais tarde também sua esposa Octávia.

O Grande Incêndio de Roma (64 d.C.)

Um marco famoso do seu governo foi o incêndio devastador que consumiu Roma em 64 d.C. Muitos acreditaram que Nero teria ordenado o fogo para reconstruir a cidade ao seu gosto e construir seu monumental Palácio Dourado (Domus Aurea). Há relatos de que ele teria “tocado lira” enquanto Roma ardia — uma imagem poderosa, embora provavelmente mítica.

Para desviar a culpa, Nero iniciou a perseguição sistemática aos cristãos, que se tornaram bodes expiatórios do desastre.

Cultura, Arte e Vaidade

Nero se via como um artista nato. Participava de competições musicais, encenava tragédias e insistia que o povo reconhecesse seu talento. Isso chocava os romanos, que esperavam sobriedade e dignidade de um imperador. Mas para Nero, ser imperador era apenas um palco — literalmente.

Queda e Morte

Em 68 d.C., revoltas eclodiram em várias regiões do império. O Senado declarou Nero inimigo público. Sozinho e sem aliados, fugiu e, ao perceber que seria capturado, suicidou-se. Teria dito antes de morrer: “Que artista morre comigo!”


Ano dos Quatro Imperadores (68 – 69)

O "Ano dos Quatro Imperadores" (68–69 d.C.) foi um dos momentos mais turbulentos da história do Império Romano, marcado por instabilidade política, ambição desmedida e lutas pelo poder após o colapso do reinado de Nero. Vamos desenvolver:

O imperador Nero suicidou-se em 68 d.C., deixando o Império sem um herdeiro direto. Isso desencadeou uma rápida sucessão de imperadores, cada um apoiado por diferentes facções do exército e do Senado.


Os Quatro Imperadores


Galba (68 – 69)

Galba Governador da Hispânia, foi proclamado imperador com apoio do Senado após a morte de Nero. No entanto, seu governo foi impopular por causa de sua severidade e recusa em pagar recompensas às legiões. Foi assassinado por ordem de Otão, que aspirava ao trono.


Otão (69)

Otão Após conspirar contra Galba, tornou-se imperador. Entretanto, seu governo durou apenas três meses, pois foi desafiado por Vitélio, que tinha o apoio das legiões da Germânia. Derrotado na Batalha de Bedríaco, Otão cometeu suicídio.


Vitélio (69)

Vitélio Ascendeu ao trono com apoio militar, mas seu reinado foi marcado por desgoverno, luxo excessivo e violência. Rapidamente perdeu o controle e enfrentou a ascensão de um novo rival: Vespasiano.

Vespasiano General respeitado, foi proclamado imperador pelas legiões do Oriente. Derrotou Vitélio e entrou triunfante em Roma no fim de 69 d.C., dando início à dinastia flaviana. Seu governo trouxe estabilidade e reformas ao Império.

Consequências

O ano demonstrou o poder crescente do exército na definição da autoridade imperial.

Revelou a fragilidade do sistema sucessório romano.

Abriu caminho para a estabilização sob os Flávios.


Dinastia Flaviana (69 – 96)

Contexto e Ascensão

A Dinastia Flaviana surgiu após o conturbado “Ano dos Quatro Imperadores” (69 d.C.), um tempo de guerra civil e instabilidade política após o suicídio de Nero. Tito Flávio Vespasiano, general veterano e fundador da dinastia, emergiu vitorioso e assumiu o trono como imperador Vespasiano. A nova dinastia trouxe uma aura de estabilidade, após as extravagâncias dos últimos Júlio-Claudianos.

Os Três Imperadores Flávio contribuíram para a transição definitiva do principado para o domínio absoluto (dominato).

Consolidaram o poder militar do imperador e reforçaram a autoridade imperial.

Deixaram um marco arquitetônico indelével com o Coliseu, símbolo eterno de Roma.

Serviram como uma ponte entre as antigas tradições republicanas e o império cada vez mais autocrático dos Antoninos.


Vespasiano (69–79 d.C.)

Vespasiano : O Restaurador de Roma

Após o turbulento Ano dos Quatro Imperadores (69 d.C.), Vespasiano emergiu como o vencedor e foi proclamado imperador. Fundador da dinastia flaviana, ele não era oriundo da elite romana tradicional, mas sim de uma família da classe equestre da região de Sabina. Seu governo marcou uma virada de estabilidade, reforma e reconstrução para o Império.

Consolidação do Poder

Vespasiano teve de reafirmar seu poder após a guerra civil. Com habilidade administrativa e apoio militar sólido, restaurou a ordem nas províncias e em Roma. Seu governo foi caracterizado por um estilo direto e avesso ao luxo excessivo dos seus predecessores.

Reformas Administrativas e Financeiras

Enfrentando um império financeiramente esgotado por guerras e luxos imperiais, Vespasiano reestruturou as finanças públicas. Reforçou a cobrança de impostos — inclusive criando novos, como a famosa “urinae vectigal” (taxa sobre latrinas públicas), que deu origem à célebre expressão "Pecunia non olet" (“Dinheiro não cheira”), uma resposta do imperador ao seu filho Tito.

Obras Públicas e Propaganda

Com recursos retomados, deu início a um ambicioso programa de obras. A mais célebre delas é o início da construção do Anfiteatro Flaviano, conhecido como Coliseu, símbolo de entretenimento e poder imperial. Sua política também valorizava a imagem de Roma como centro do mundo, e a construção monumental era parte dessa estratégia de propaganda.

Relação com os Filósofos e a Cultura

Embora não fosse um patrono da cultura como alguns imperadores anteriores, Vespasiano reconhecia a importância da ordem e da disciplina moral — inclusive limitando a atuação de alguns filósofos que contestavam o poder imperial. Ainda assim, promoveu uma imagem de governante responsável, respeitado até por seus críticos.

Legado

Vespasiano faleceu em 79 d.C., deixando o trono a seu filho Tito, o que marcou uma rara sucessão pacífica na história romana. Seu governo é lembrado por trazer estabilidade após uma crise profunda, priorizando a eficiência administrativa e o bem-estar do Império mais do que ostentações pessoais.


Tito (79–81 d.C.)

Tito (Titus Flavius Vespasianus) foi imperador romano de 79 a 81 d.C., e embora seu reinado tenha sido breve, ficou marcado por eventos significativos e uma popularidade surpreendentemente alta entre o povo romano.

Ascensão ao poder

Tito era filho do imperador Vespasiano, fundador da dinastia flaviana. Antes de se tornar imperador, destacou-se como comandante militar, especialmente no cerco e destruição de Jerusalém em 70 d.C., durante a Primeira Guerra Judaico-Romana. Essa vitória consolidou seu prestígio militar, mas também marcou tragicamente a história judaica.

Reinado e feitos

Apesar das expectativas de um governo autoritário, Tito surpreendeu ao demonstrar clemência, generosidade e diplomacia. Durante seu curto governo:

Inaugurou o Coliseu: também conhecido como Anfiteatro Flaviano, símbolo duradouro da engenharia romana e do entretenimento público.

Respondeu a desastres com compaixão: enfrentou a erupção do Vesúvio em 79 d.C., que destruiu Pompeia e Herculano, e depois um grande incêndio em Roma. Tito coordenou ações de socorro e doações do próprio tesouro imperial.

Ganhou fama como benevolente e justo: sua frase "Perdi um dia" ("Diem perdidi"), ao notar que não havia feito o bem em determinado dia, ilustra a visão moral que procurava transmitir.

Morte e legado

Tito morreu subitamente em 81 d.C., possivelmente de causas naturais — embora algumas fontes antigas tenham sugerido envenenamento, suspeitando do sucessor e irmão, Domiciano. Foi deificado após sua morte e lembrado como um dos bons imperadores, algo raro na história romana.


Domiciano (81–96 d.C.)

Domiciano, imperador romano de 81 a 96 d.C., foi o último governante da dinastia flaviana e uma figura envolta em controvérsias. Seu reinado, o mais longo desde Tibério, combinou realizações administrativas e militares com um governo autoritário e repressivo.

Ascensão ao poder

Filho de Vespasiano e irmão de Tito, Domiciano assumiu o trono após a morte repentina de seu irmão. Embora tivesse sido mantido à margem durante os reinados anteriores, ele rapidamente consolidou o poder, sendo proclamado imperador pela guarda pretoriana.

Política e administração

Domiciano centralizou o poder em suas mãos, abolindo formalidades republicanas e exigindo ser tratado como dominus et deus (“senhor e deus”). Reformou o sistema fiscal, valorizou a moeda e investiu em obras públicas, como a conclusão do Fórum de Vespasiano e a construção do Estádio de Domiciano — origem da atual Piazza Navona em Roma.

Relação com o Senado e perseguições

Sua relação com o Senado foi marcada por desconfiança e hostilidade. Domiciano favoreceu a ordem e a disciplina, mas também instaurou um clima de medo, promovendo perseguições políticas e religiosas. Cristãos e judeus foram particularmente visados, e muitos senadores foram executados sob acusações de traição.

Política externa e militar

No campo militar, Domiciano reforçou as fronteiras do Império, especialmente na Germânia e na Dácia. Criou o Limes Germanicus, uma linha de fortificações que consolidou a presença romana na região. Apesar de algumas derrotas, como nas campanhas dácias, ele celebrou triunfos e manteve o apoio do exército.

Morte e legado

Domiciano foi assassinado em 96 d.C. em uma conspiração que envolveu membros da corte e, possivelmente, sua esposa, Domícia Longina. Após sua morte, o Senado tentou apagar sua memória com a prática da damnatio memoriae. No entanto, historiadores modernos reconhecem que, apesar de seu autoritarismo, Domiciano foi um administrador eficiente e deixou um legado duradouro na estrutura do Império


Dinastia Nervan-Antonina (96 – 192)

(Período dos "Cinco Bons Imperadores")


Nerva (96 – 98)

Nerva, imperador romano de 96 a 98 d.C., um período curto, porém fundamental para a estabilidade do Império após a tirania de Domiciano.

Contexto Histórico

Nerva assumiu o poder num momento tenso. Domiciano, seu antecessor, havia sido assassinado após anos de governo autoritário e impopular entre o Senado. Com cerca de 65 anos, Nerva era um senador experiente, escolhido principalmente por sua reputação de equilíbrio e moderação. Foi um imperador de transição, cujo maior mérito foi restaurar a relação entre o Senado e o poder imperial.

Principais Realizações

Estabilização Política: Procurou conciliar diferentes grupos políticos e evitar represálias, o que ajudou a restaurar a confiança nas instituições.

Medidas Sociais: Criou programas de assistência para os pobres e adotou medidas fiscais mais brandas, buscando aliviar a população.

Reforma da Sucessão: Seu maior legado foi a adoção de Trajano como sucessor, estabelecendo um modelo de sucessão baseado no mérito e não apenas no sangue — um marco decisivo que abriria caminho para os chamados “bons imperadores”.

Desafios e Fim do Reinado

Apesar de seus esforços conciliatórios, enfrentou resistência da guarda pretoriana e de setores militares que não o viam como um líder forte. Ao adotar Trajano, um general respeitado, Nerva fortaleceu sua posição e garantiu uma transição pacífica de poder. Morreu naturalmente em 98 d.C., deixando um império mais estável do que encontrara.


Trajano (98 – 117)

O imperador romano Trajano, cujo reinado se estendeu de 98 a 117 d.C., é amplamente considerado um dos maiores e mais bem-sucedidos governantes do Império Romano.

Contexto e Ascensão

Trajano nasceu em 53 d.C. na província da Hispânia (atual Espanha), sendo o primeiro imperador romano a vir de fora da península itálica. Sua carreira militar destacou-se desde cedo, o que lhe valeu o respeito e a confiança do imperador Nerva, que o adotou como sucessor.

Governo e Conquistas

O reinado de Trajano foi marcado por um período de grande expansão territorial, estabilidade interna e prosperidade. Destacam-se:

Expansões Militares: A mais notável foi a conquista da Dácia (hoje parte da Romênia), após duas campanhas bélicas de 101 a 106. Essa vitória trouxe grandes riquezas ao império, especialmente em ouro.

Administração Pública: Trajano investiu maciçamente em infraestrutura: construiu estradas, pontes, aquedutos, banhos públicos e monumentos. O mais famoso é a Coluna de Trajano, em Roma, que narra em baixos-relevos suas campanhas dácias.

Política Social: Criou programas de assistência para crianças órfãs e pobres — os alimenta, uma forma inicial de bem-estar social.

Tolerância Religiosa: Embora cristãos ainda fossem perseguidos em alguns momentos, as cartas trocadas com Plínio, o Jovem, mostram uma abordagem relativamente moderada frente às denúncias de cristãos.

Legado

Trajano morreu em 117, a caminho de mais uma campanha militar no Oriente. Foi sucedido por Adriano, que consolidou as fronteiras do império. Após sua morte, Trajano foi deificado e passou a ser modelo de imperador ideal. Os senadores posteriores desejavam que seus sucessores fossem “mais felizes que Augusto e melhores que Trajano.”


Adriano (117 – 138)

Adriano, que reinou entre 117 e 138 d.C., uma figura fascinante tanto no campo militar como cultural.

Adriano, nascido Publius Aelius Hadrianus, era de origem hispânica e ficou conhecido por ser um dos “cinco bons imperadores” de Roma. Ao contrário de imperadores expansionistas como Trajano, seu predecessor, Adriano adotou uma política de consolidação. Ele acreditava que o império já havia atingido um tamanho ideal e, portanto, focou seus esforços em fortificar fronteiras e garantir estabilidade interna.

Um dos seus legados mais visíveis é a Muralha de Adriano, construída no norte da Britânia. Era mais do que uma barreira militar — simbolizava o limite do mundo romano e a força de Roma em manter suas fronteiras.

Adriano também era um entusiasta das artes e da cultura grega, sendo considerado um filheleno. Reformou e embelezou Atenas, promovendo a arquitetura, a filosofia e a literatura clássica. Durante seu reinado, houve grande atividade arquitetônica — o Panteão de Roma, como o conhecemos hoje, foi reconstruído sob seu comando.

Apesar de sua genialidade administrativa e cultural, Adriano enfrentou resistência por sua rigidez política e repressão de revoltas, especialmente a revolta judaica liderada por Bar Kokhba, que resultou em grande destruição.


Antonino Pio (138 – 161)

Antonino Pio foi imperador romano de 138 a 161 d.C., sucedendo ao imperador Adriano e sendo o quarto da chamada dinastia dos Cinco Bons Imperadores. Seu reinado é frequentemente lembrado como um período de estabilidade, prosperidade e administração exemplar, caracterizado por uma notável ausência de conflitos militares significativos — algo raro na história de Roma.

Administração e Justiça: Antonino recebeu o epíteto Pio por sua piedade e lealdade, tanto pela dedicação ao Senado quanto pela maneira como honrou a memória de Adriano. Sua atuação como imperador foi profundamente marcada por uma postura moderada, legalista e diplomática. Ele reformou o sistema jurídico, fortaleceu os direitos dos cidadãos e incentivou o bom funcionamento das províncias, sendo muito respeitado pela forma como delegava poder a governadores competentes.

Economia e Infraestruturas: Durante seu governo, Antonino garantiu a saúde fiscal do império sem aumentar impostos, promovendo obras públicas, estradas, aquedutos e instituições beneficentes. Seu reinado assistiu à consolidação da Pax Romana — a paz romana — que favoreceu o florescimento cultural e econômico.

Relação com a Religião e o Cristianismo: Embora tenha se mantido fiel à religião tradicional romana, sua política para com os cristãos foi mais tolerante em comparação a seus predecessores. Não promoveu perseguições sistemáticas, ainda que o cristianismo não fosse oficialmente aceito.

Legado

Antonino Pio foi uma figura quase silenciosa na crônica dos grandes conquistadores romanos, mas sua competência administrativa e ética o colocam entre os imperadores mais admirados. Deixou o trono a seu filho adotivo Marco Aurélio, garantindo uma sucessão tranquila e a continuidade do bom governo.


Marco Aurélio (161 – 180)

Marco Aurélio, imperador romano de 161 a 180 d.C., é lembrado não apenas como um dos governantes mais justos do Império Romano, mas também como um dos maiores representantes da filosofia estoica. Seu reinado marcou o fim da era dos “Cinco Bons Imperadores” e foi profundamente moldado por sua visão filosófica e ética.

O Imperador Filósofo

Nascido em 121 d.C., Marco Aurélio foi educado desde cedo nas artes liberais e na filosofia, especialmente o estoicismo — uma escola que valoriza a razão, o autocontrole e a aceitação do destino. Ele acreditava que a virtude era o bem supremo e que a tranquilidade da alma vinha da harmonia com a natureza e da superação das paixões.

Durante seu governo, enfrentou desafios intensos: guerras contra os partas no Oriente e contra tribos germânicas no norte, além da devastadora peste antonina. Apesar disso, manteve-se fiel aos princípios estoicos, governando com moderação, justiça e compaixão.

As Meditações

Sua obra mais famosa, Meditações, foi escrita em grego durante campanhas militares. Trata-se de um diário filosófico em que ele reflete sobre a efemeridade da vida, a importância da razão e o dever moral. Não era destinada à publicação, mas tornou-se um dos textos mais influentes da filosofia ocidental.

Legado

Marco Aurélio é admirado até hoje como símbolo de liderança ética. Sua tentativa de aplicar a filosofia à vida pública e pessoal inspira líderes, filósofos e leitores comuns. No entanto, sua decisão de nomear seu filho Cômodo como sucessor — que governou de forma tirânica — é vista como um ponto controverso de seu legado.


Lúcio Vero (161 – 169, co imperador com Marco Aurélio)

Lúcio Vero foi uma figura fascinante da história romana, muitas vezes ofuscada por seu coimperador Marco Aurélio — mas sua vida oferece um olhar intrigante sobre o poder compartilhado, a guerra e os contrastes de personalidade no auge do Império Romano.

Origens e Ascensão

Nascido em 130 d.C., Lúcio Vero foi adotado pelo imperador Antonino Pio, a pedido de seu antecessor Adriano, fazendo parte de um elaborado plano de sucessão. Quando Antonino Pio morreu em 161, Lúcio foi nomeado imperador juntamente com Marco Aurélio — a primeira vez que Roma viu dois Augustos reinando simultaneamente. Essa decisão refletia tanto prudência política como a influência de tradições sucessórias dinásticas.

Contrastes com Marco Aurélio

Enquanto Marco Aurélio era austero, filosófico e dedicado ao estoicismo, Lúcio Vero era conhecido por um estilo de vida mais luxuoso e uma disposição mais hedonista. Amante de teatro, jogos e festas, ele passou períodos prolongados em Antioquia e no Oriente, gerando críticas entre os conservadores romanos. Apesar disso, Marco Aurélio parece ter confiado bastante em Lúcio, valorizando a estabilidade do governo conjunto.

A Guerra contra os Partas

O momento mais marcante de seu reinado ocorreu durante a campanha oriental contra o Império Parta (161–166). Embora Lúcio tenha deixado grande parte do esforço militar a seus generais — notavelmente Avidius Cassius — a campanha foi vitoriosa, expandindo o prestígio de Roma e consolidando sua autoridade na região. Curiosamente, foi durante esse período de guerra que a peste antonina se espalhou, uma epidemia devastadora que atingiu o Império e teria efeitos duradouros.

Morte e Legado

Lúcio Vero morreu repentinamente em 169 d.C., provavelmente vítima da peste. Marco Aurélio lamentou sua morte sinceramente e o deificou, elevando-o ao panteão imperial. Seu governo, embora curto, ilustra o experimento incomum de co-regência e lança luz sobre como diferentes estilos de liderança podem coexistir — ou colidir — no poder máximo.


Cômodo (180 – 192)

Cômodo (Lucius Aurelius Commodus) foi imperador romano de 180 a 192 d.C., e é lembrado como uma figura bastante controversa. Era filho de Marco Aurélio, um dos mais respeitados imperadores romanos, e sua ascensão marcou o fim da dinastia dos “Cinco Bons Imperadores”. Ao contrário do pai, o reinado de Cômodo foi caracterizado por extravagância, instabilidade e centralização do poder de forma quase absolutista.

Durante o seu governo:

Cômodo afastou-se da administração tradicional e preferiu delegar a gestão do império a favoritos e funcionários corruptos.

Ele cultivou uma imagem de semideus e gladiador, algo altamente incomum — e até escandaloso — para um imperador. Chegou a participar de combates no Coliseu, o que o ajudou a conquistar a simpatia do povo, mas o desprezo do Senado.

Adotou títulos exagerados e tentou renomear Roma como “Colônia Comodiana”, mostrando seu egocentrismo.

Seu governo acabou mergulhando em decadência política, e foi assassinado em 192 por uma conspiração dentro do palácio.

O reinado de Cômodo é considerado o início da lenta decadência do Império Romano, pois rompeu com o modelo de governança que havia garantido estabilidade e prosperidade durante décadas.


Ano dos Cinco Imperadores (193)


Pértinax (193)

Públio Helvídio Pértinax, imperador romano por apenas três meses em 193 d.C.—um período conhecido como o “Ano dos Cinco Imperadores”.

Pértinax nasceu em 126 d.C., filho de um antigo escravo liberto. Graças à sua inteligência e disciplina, construiu uma carreira admirável no exército e na administração pública durante os reinados de Marco Aurélio e Cômodo. Era conhecido por seu caráter austero, honestidade e senso de dever.

Quando o imperador Cômodo foi assassinado no final de 192 d.C., Pértinax foi escolhido pelo Senado para sucedê-lo. No entanto, ele herdou um império corroído por corrupção, dívidas e descontentamento militar. Seu grande erro — embora virtuoso — foi tentar restaurar a disciplina no exército e nas instituições públicas de forma muito rápida. Reduziu os gastos públicos, tentou reintroduzir valores republicanos e enfrentou de frente a elite decadente e os guardas pretorianos, que esperavam recompensas fáceis.

Três meses depois de assumir o trono, foi traído e assassinado pelos próprios pretorianos, que venderam o cargo imperial ao mais alto lance logo em seguida. Sua morte gerou indignação no Senado, que mais tarde o declarou um herói e símbolo de integridade moral.

Pértinax representa aquele tipo raro de governante idealista e inflexível — admirável pela ética, mas vulnerável num sistema movido por interesses pessoais. Sua breve história é um lembrete sombrio de como, em certos contextos políticos, a virtude pode ser perigosa.


Dídio Juliano (193)

Dídio Juliano, uma das mais breves — e trágicas — passagens pelo trono imperial de Roma.

Dídio Juliano: O Imperador Comprado

Marco Didio Severo Juliano ascendeu ao trono em 28 de março de 193 d.C., num dos episódios mais insólitos da história do Império Romano. Após o assassinato do imperador Públio Hélvio Pertinax pelos guardas pretorianos, a guarda decidiu leiloar o Império ao maior licitante — e Juliano, um senador rico e influente, ofereceu uma soma exorbitante, ganhando assim o trono.

Contexto Político e Crise Imperial

O ano 193 ficou conhecido como o Ano dos Cinco Imperadores. O Império passava por instabilidade tremenda após a morte de Cômodo e de Pertinax, e Juliano assumiu o poder sem apoio popular ou militar. A sua legitimidade era questionada desde o início: o povo romano desprezava o modo como chegou ao trono, e os exércitos nas províncias declararam rapidamente outros líderes como imperadores — nomeadamente Septímio Severo.

Breve Reinado e Queda

Durante os poucos meses de seu governo (cerca de 66 dias), Juliano tentou apaziguar as tensões, mas sem sucesso. Septímio Severo marchou sobre Roma com apoio militar sólido. Dídio Juliano tentou negociar, oferecendo até dividir o poder, mas foi abandonado por seus aliados.

A 1 de junho de 193, o Senado romano, pressionado por Severo e pela opinião pública, condenou Juliano à morte. Ele foi executado no Palácio e substituído por Severo, que daria início a uma nova dinastia.

Legado

Dídio Juliano é frequentemente lembrado como símbolo de corrupção e decadência do final do século II. Seu curto reinado revela até que ponto as instituições romanas estavam vulneráveis a interesses privados e à manipulação militar.


Dinastia Severana (193 – 235)




Sétimo Severo (193 – 211)

Sétimo Severo, uma figura crucial na transição do Principado para um Império mais autocrático no final do século II.

Ascensão ao poder

Sétimo Severo nasceu em Leptis Magna, na atual Líbia, em 145 d.C., o que o torna um dos primeiros imperadores de origem africana. Após a morte do imperador Cômodo e o breve e conturbado reinado de Pertinax, Severo foi proclamado imperador por suas legiões em 193 d.C., ano conhecido como o “Ano dos Cinco Imperadores” devido à instabilidade política e às múltiplas reivindicações ao trono.

Consolidando o império

Após marchar sobre Roma e derrotar os seus rivais Pescênio Níger e Clódio Albino, Severo estabeleceu o controle absoluto:

Reformou o exército, dobrando o salário dos soldados e permitindo que os legionários se casassem legalmente — medida que visava aumentar a lealdade.

Reforçou a autoridade imperial, diminuindo o poder do Senado e expandindo o uso da guarda pretoriana e das legiões como base de apoio político.

Estimulou obras públicas em Roma e em sua cidade natal, mostrando orgulho das suas raízes provincianas.

Política e legado

Sétimo Severo foi um administrador implacável, fortalecendo o poder central e promovendo reformas jurídicas. Seu famoso conselho a seus filhos resume bem sua visão de poder: “Mantenham-se unidos, paguem bem ao exército e desprezem todos os outros.”

Seu reinado marca uma viragem para um império mais militarizado e menos dependente das antigas instituições republicanas. Após sua morte em 211 d.C. em Eboracum (atual York), deixou o trono para seus filhos, Caracala e Geta, cuja rivalidade logo mergulharia Roma novamente em conflitos internos.


Caracalla (198 – 217, co-imperador desde 198)

O Imperador Caracalla, cujo nome completo era Marco Aurélio Antonino, foi uma figura marcante e controversa da Roma Antiga. Governou de 198 a 217 d.C., inicialmente como co-imperador ao lado de seu pai, Septímio Severo, e mais tarde com seu irmão Geta, até assumir o controle exclusivo do império.

Ascensão e Dinastia

Caracalla era membro da dinastia Severiana, uma família de origem africana que chegou ao poder no final do século II. Após a morte de Septímio Severo em 211, Caracalla e Geta dividiram formalmente o trono. No entanto, essa coabitação durou pouco: Caracalla ordenou o assassinato do irmão no mesmo ano, consolidando seu domínio absoluto.

Política e Legado

Um dos atos mais famosos de Caracalla foi a promulgação da Constitutio Antoniniana em 212, que concedeu cidadania romana a praticamente todos os homens livres do império. Essa medida teve grandes implicações administrativas e fiscais, aumentando a base tributária do Estado.

Militarmente, Caracalla era obcecado por Alexandre, o Grande, e procurou imitar suas campanhas. Passou grande parte do reinado em campanha contra povos germânicos e no Oriente. Apesar de algumas vitórias, sua liderança era frequentemente brutal, o que gerou ressentimentos.

Personalidade e Reputação

Caracalla é lembrado tanto por sua ambição quanto por sua crueldade. Fontes antigas, como o historiador Dião Cássio, retratam-no como tirânico e impiedoso, especialmente após o assassinato de Geta, quando perseguições foram desencadeadas contra os seus apoiantes.

Morte e Sucessão

Em 217, durante uma campanha no Oriente, Caracalla foi assassinado por um dos seus próprios guardas — possivelmente com a cumplicidade do novo prefeito pretoriano, Macrino, que o sucedeu brevemente como imperador.


Geta (209 – 211, co-imperador)

Geta, cujo nome completo era Publius Septimius Geta, foi um imperador romano que governou brevemente como co-imperador com seu irmão Caracala entre os anos de 209 e 211 d.C., durante a dinastia Severa. Filho de Sétimo Severo e Júlia Domna, Geta foi desde cedo inserido no mundo político romano, crescendo em meio a intrigas palacianas e disputas familiares intensas.

Ascensão ao poder

Em 209, seu pai Sétimo Severo nomeou Geta co-imperador (augustus), posição que compartilharia com seu irmão mais velho, Caracala. A ideia era manter a estabilidade do império com uma transição suave após a morte de Severo. No entanto, o plano revelou-se desastroso.

Relação com Caracala

A relação entre os irmãos era marcada por rivalidade extrema. Fontes antigas, como o historiador Cassio Dio, descrevem um clima de tensão constante, com ambos vivendo em extremos opostos do palácio, cercados por guardas próprios, evitando até mesmo a comunicação direta. Após a morte de Sétimo Severo em 211, a frágil aliança entre os irmãos rompeu-se de vez.

Assassinato e damnatio memoriae

Poucos meses após a morte do pai, Caracala mandou assassinar Geta — supostamente na presença da mãe, Júlia Domna. A morte de Geta foi seguida por uma campanha de “damnatio memoriae”, prática romana de apagar a memória oficial de um indivíduo. Seus retratos foram destruídos, seus nomes retirados de monumentos e documentos, e milhares de seus apoiadores foram executados ou exilados.

Legado

Apesar de seu governo curto, Geta permanece um exemplo notável das complexidades políticas do Império Romano — um jovem imperador tragado por ambições familiares e pela brutalidade do poder absoluto. Sua história revela não apenas as fragilidades do modelo de co-regência, mas também os limites da propaganda imperial na Roma do século III.


Macrino (217 – 218)

Macrino (Marco Opélio Macrino) – Reinado de 217 a 218 d.C.

Macrino foi o primeiro imperador romano que não pertencia à classe senatorial, o que por si só já o torna um caso singular na longa linhagem de governantes romanos. De origem berbere (provavelmente da Mauritânia), Macrino era um jurista competente e administrador experiente que alcançou o cargo de prefeito do pretório, uma posição de prestígio que o colocava como chefe da guarda imperial.

Ascensão ao poder

Macrino tornou-se imperador após o assassinato de Caracala, em 217. Acredita-se que ele próprio tenha conspirado ou consentido com a morte do imperador, temendo ser eliminado. Foi proclamado imperador pelas tropas, numa tentativa de estabilizar o império após o caos do governo de Caracala.

Política e governo

Durante seu curto reinado, Macrino tentou restaurar a disciplina militar e reduzir os gastos públicos — especialmente os gastos excessivos com os soldados, o que gerou descontentamento nas legiões. Ele também fez esforços para negociar a paz com os partas após a guerra desastrosa iniciada por Caracala, o que foi visto por muitos militares como um sinal de fraqueza.

Queda e morte

Seu governo foi desafiado rapidamente por partidários da dinastia severiana, em especial pela avó de Heliogábalo, que promoveu o jovem como legítimo sucessor de Caracala. Em 218, após a batalha de Antioquia, Macrino foi derrotado, capturado e executado. Seu filho Diádumeniano, que ele havia nomeado coimperador, também foi morto.


Heliogábalo (218 – 222)

Heliogábalo, também conhecido como Marco Aurélio Antonino Heliogábalo, foi um imperador romano cuja breve e turbulenta ascensão ao poder (218–222 d.C.) continua a fascinar historiadores e curiosos até hoje. Seu reinado foi marcado por uma combinação incomum de excentricidade religiosa, escândalos de corte e conflitos políticos, tudo isso em meio a uma Roma cada vez mais instável.

Origens e Ascensão

Heliogábalo nasceu em Emesa (atual Homs, na Síria), onde servia como sumo-sacerdote do deus-sol Elagabal, uma divindade síria. Ele chegou ao trono com apenas 14 anos, impulsionado por uma conspiração liderada por sua avó, Júlia Mesa, que afirmou que ele era filho ilegítimo de Caracala. Com apoio das legiões do leste, ele derrotou o imperador Macrino e foi declarado imperador em 218.

Política e Religião

Heliogábalo ficou notório por tentar impor o culto de Elagabal como religião principal do Império. Chegou a construir um templo dedicado ao deus em Roma e até tentou fundir o culto de Elagabal com o das principais divindades romanas, o que escandalizou o Senado e a população. Sua preferência por práticas religiosas orientais foi vista como um ataque às tradições romanas.

Comportamento e Controvérsias

Fontes antigas, como os historiadores Dião Cássio e a Historia Augusta, retratam Heliogábalo como um imperador libertino, extravagante e pouco interessado nos deveres administrativos. Há relatos de casamentos múltiplos (inclusive com homens), banquetes extravagantes e decisões políticas erráticas. No entanto, muitos desses relatos são amplamente considerados exagerados ou difamatórios, refletindo preconceitos da época.

Queda e Legado

Em 222, com apenas 18 anos, Heliogábalo foi assassinado pelos próprios guardas da guarda pretoriana, incentivados por sua avó, que passou a apoiar seu primo Alexandre Severo. Seu corpo foi arrastado pelas ruas de Roma e jogado no rio Tibre — uma morte humilhante que refletia o desprezo que muitos sentiam por ele.

Apesar do escândalo e do caos, o reinado de Heliogábalo revelou o crescente conflito entre o Oriente e o Ocidente dentro do império, além de destacar o papel decisivo das mulheres da dinastia Severa na política romana. Seu nome permanece como símbolo de decadência e transgressão, mas também levanta debates modernos sobre identidade de gênero, religião e poder.


Alexandre Severo (222 – 235)

Alexandre Severo, imperador romano entre 222 e 235 d.C., foi o último governante da dinastia severa e seu reinado marcou o fim de uma relativa estabilidade antes da turbulenta crise do século III. Assumiu o trono ainda adolescente, aos 13 anos, após o assassinato de seu primo, Heliogábalo. Sua mãe, Júlia Maméia, exerceu forte influência durante todo o seu governo, sendo uma das figuras mais poderosas da corte.

Política interna e reformas: Alexandre tentou restaurar os valores tradicionais romanos e conduziu um governo mais racional e moderado. Cercou-se de conselheiros experientes, favorecendo o Senado e promovendo reformas administrativas. Seu estilo de governo buscava evitar os excessos e escândalos que haviam marcado os anos anteriores.

Relações exteriores e desafios militares: Enfrentou desafios no front oriental com o ressurgimento do Império Sassânida e, mais tarde, ameaças germânicas nas fronteiras do Reno e Danúbio. Sua tentativa de apaziguar os povos germânicos por meio de negociações e pagamento de tributos foi mal recebida pelas legiões, que ansiavam por uma resposta mais agressiva.

Queda e legado: A insatisfação militar culminou em seu assassinato em 235 d.C., junto com sua mãe, pelos próprios soldados. Este evento marcou o início do chamado “período dos imperadores-soldados” e da crise do século III, quando o império mergulhou em instabilidade política, econômica e militar.

Apesar de não ter sido um imperador de feitos militares notáveis, Alexandre Severo é lembrado por seu esforço de restaurar a ordem, a justiça e os valores cívicos. Seu reinado é visto por alguns historiadores como o último suspiro de uma Roma clássica antes do longo período de declínio.


Crise do Século III (235 – 284)

(Período de grande instabilidade, dezenas de imperadores e usurpadores)


Maximino Trácio (235 – 238)

Maximino Trácio, um dos imperadores mais singulares e controversos da história romana.

Origem e Ascensão

Maximino Trácio, nascido por volta de 173 d.C. na região da Trácia (atualmente parte da Bulgária), era de origem humilde e não-romana. De estatura imponente — dizem que ultrapassava dois metros de altura — e força física extraordinária, começou sua carreira como soldado e rapidamente se destacou no exército romano.

Em 235 d.C., após o assassinato do imperador Alexandre Severo pelas próprias tropas, Maximino foi proclamado imperador. Foi o primeiro imperador romano que nunca havia pisado em Roma e também o primeiro de origem bárbara, o que marcou o início da chamada Crise do Século III, um período de instabilidade política e militar no Império.

Governo e Conflitos

Seu reinado foi caracterizado por uma forte militarização e repressão. Maximino concentrou-se em campanhas militares contra os alamanos e os dácios, buscando reforçar as fronteiras do império. No entanto, essas guerras exigiram altos custos, o que levou a aumentos de impostos e confiscos de propriedades, gerando descontentamento entre a elite senatorial e os proprietários de terras.

Em 238, conhecido como o Ano dos Seis Imperadores, eclodiu uma revolta na África liderada por Gordiano I e II. O Senado romano apoiou os revoltosos, o que levou Maximino a marchar com seu exército rumo à Itália. No entanto, ao cercar a cidade de Aquileia, suas tropas, famintas e desmotivadas, se voltaram contra ele. Maximino e seu filho foram assassinados por seus próprios soldados.

Legado

Maximino Trácio é lembrado como um imperador-soldado, símbolo da ascensão de líderes militares durante a crise imperial. Seu governo brutal e autoritário, embora breve, expôs as fragilidades do sistema romano e antecipou décadas de instabilidade. Sua morte marcou o fim de um estilo de liderança baseado exclusivamente na força militar e inaugurou uma era de sucessões turbulentas e efêmeras.


Gordiano I (238)

Gordiano I, uma figura central no turbulento Ano dos Seis Imperadores (238 d.C.).

Contexto Histórico

O Império Romano vivia uma fase de instabilidade política e militar. O imperador Maximino Trácio governava com mão de ferro, impondo pesados tributos e confiscos, o que gerou revoltas em várias províncias — especialmente na África Proconsular, onde Gordiano I era procônsul.

Ascensão ao Poder

Com cerca de 80 anos, Gordiano foi proclamado imperador em março de 238 por uma revolta local liderada por jovens aristocratas romanos insatisfeitos com os abusos de Maximino. Relutante, aceitou o título e associou seu filho, Gordiano II, ao trono. O Senado Romano rapidamente reconheceu ambos como imperadores, numa tentativa de restaurar a ordem e conter o autoritarismo de Maximino.

Reinado Brevíssimo

Apesar do apoio popular e senatorial, o reinado de Gordiano I durou apenas 22 dias. O governador da Numídia, Capeliano — leal a Maximino e inimigo pessoal de Gordiano — marchou contra Cartago com tropas experientes. Gordiano II foi morto em combate, e, devastado pela perda do filho e pela derrota iminente, Gordiano I cometeu suicídio.

Legado

Apesar da curta duração, Gordiano I é lembrado por seu caráter afável e erudição. Tanto ele quanto seu filho eram admiradores das letras e da filosofia. Sua morte impulsionou o Senado a continuar a resistência contra Maximino, culminando na ascensão de seu neto, Gordiano III, ao trono ainda em 238


Gordiano II (238)

Gordiano II, uma figura efêmera mas significativa na história do Império Romano.

Contexto Histórico

O ano de 238 d.C. foi extremamente conturbado para Roma — ficou conhecido como o Ano dos Seis Imperadores. O império estava mergulhado em crises econômicas, sociais e, sobretudo, políticas, com sucessivas disputas de poder e revoltas militares.

Ascensão ao Poder

Gordiano II foi proclamado coimperador juntamente com seu pai, Gordiano I, na província da África Proconsular (atualmente Tunísia). Ambos foram levados ao trono não por ambição pessoal, mas por uma insurreição local contra o cruel governador nomeado por Maximinus Thrax, o então imperador.

Gordiano II era um homem culto, letrado e respeitado, mas não possuía experiência militar.

A aclamação dos Gordianos como imperadores teve amplo apoio do Senado, que via neles uma esperança contra o domínio opressivo de Maximinus.

Queda e Morte

A alegria durou pouco. Em questão de semanas, Capelianus — governador da Numídia e aliado de Maximinus — marchou contra Cartago com suas legiões veteranas.

Gordiano II liderou pessoalmente as tropas africanas, mas foi derrotado e morto na batalha.

Ao saber da morte do filho, Gordiano I tirou a própria vida.

Legado

Apesar do curto reinado (cerca de 21 dias), os Gordianos se tornaram símbolos de resistência senatorial ao poder imperial absoluto. O Senado, influenciado por essa memória, nomeou posteriormente Gordiano III, neto de Gordiano I, como imperador — restaurando a dinastia simbolicamente.


Balbino e Pupieno (238)

O ano de 238 d.C., conhecido como o Ano dos Seis Imperadores, foi um dos períodos mais tumultuados da história do Império Romano, e os co-imperadores Balbino e Pupieno desempenharam um papel central nesse drama.

Contexto histórico

A instabilidade começou com uma revolta contra o impopular imperador Maximino Trácio. O Senado romano, tentando restaurar o controle aristocrático, apoiou Gordiano I e II como imperadores, mas ambos foram rapidamente derrotados. Para manter a autoridade senatorial, o Senado então nomeou dois senadores experientes: Balbino e Pupieno.

Quem eram Balbino e Pupieno?

Balbino era um senador aristocrático, mais ligado à elite urbana e considerado um homem de letras.

Pupieno, por outro lado, era um militar veterano, com reputação de severidade e experiência em campanhas, sobretudo na Germânia.

Duplo poder e desafios

Apesar da tentativa de estabilidade, o governo conjunto foi problemático:

Havia conflitos entre os dois, principalmente quanto ao estilo de liderança.

A população romana não confiava plenamente em nenhum dos dois.

O exército, especialmente a guarda pretoriana, não aceitava decisões impostas pelo Senado e via os imperadores com desconfiança.

Queda e assassinato

Enquanto Pupieno preparava defesas contra Maximino, Balbino enfrentava dificuldades em Roma. Após a morte de Maximino nas mãos de seus próprios soldados, esperava-se que a paz fosse restaurada. No entanto, as tensões entre os co-imperadores aumentaram, o que foi explorado pela guarda pretoriana. Em julho de 238, os dois foram assassinados em conjunto pela própria guarda, que então elevou o jovem Gordiano III ao trono.


Gordiano III (238 – 244)


Gordiano III, um dos imperadores mais jovens da história de Roma.

Ascensão ao Trono

Marco Antônio Gordiano, mais conhecido como Gordiano III, nasceu em 225 e tornou-se imperador em 238, com apenas 13 anos de idade. Isso aconteceu durante o turbulento “Ano dos Seis Imperadores”, quando Roma enfrentava instabilidade política e sucessivas trocas de poder. Após o assassinato de Pupieno e Balbino pela Guarda Pretoriana, o jovem Gordiano foi proclamado imperador com o apoio do Senado e do povo romano.

Governo e Administração

Devido à sua juventude, o governo de Gordiano III foi inicialmente conduzido por conselheiros experientes. O mais influente deles foi Timesiteu, seu sogro e prefeito do pretório, que também lhe deu sua filha Tranquilina em casamento. Timesiteu foi o verdadeiro cérebro por trás da administração imperial, garantindo estabilidade e continuidade das políticas públicas.

Campanhas Militares

Durante seu reinado, o Império enfrentou ameaças externas, especialmente do Império Sassânida no Oriente. Em 243, sob a liderança de Timesiteu, os romanos obtiveram vitórias importantes contra os persas, reconquistando cidades como Carras e Nísibis. No entanto, após a morte de Timesiteu, o equilíbrio de poder mudou.

Morte Misteriosa

A morte de Gordiano III, em 244, permanece envolta em mistério. Algumas fontes afirmam que ele foi morto em combate contra os persas na Batalha de Misiche. Outras sugerem que foi assassinado por ordem de Filipe, o Árabe, que o sucedeu no trono. Independentemente da causa, Gordiano foi deificado após sua morte, e seu curto reinado foi lembrado com simpatia por muitos romanos


Filipe, o Árabe (244 – 249)


Filipe, o Árabe — um dos imperadores romanos mais enigmáticos do século III.

Filipe, o Árabe: Entre o Oriente e Roma

Marco Júlio Filipe, conhecido como Filipe, o Árabe, nasceu por volta de 204 d.C. em Shahba, na atual Síria. De origens humildes e possivelmente de uma família árabe romanizada, ele subiu rapidamente pelas fileiras militares e administrativas durante o turbulento reinado do imperador Gordiano III.

Ascensão ao Poder

Filipe foi nomeado prefeito do Pretório e, em 244, após a misteriosa morte de Gordiano III durante uma campanha na Mesopotâmia, Filipe foi proclamado imperador. Alguns relatos antigos sugerem que ele pode ter estado envolvido na morte do jovem imperador, embora não haja provas conclusivas.

Um Reinado Marcado pela Diplomacia e Crise

Filipe negociou uma paz com o Império Sassânida, permitindo o retorno seguro das tropas romanas — o que foi visto com bons olhos num momento de grande instabilidade.

Durante o seu reinado:

Celebraram-se os mil anos da fundação de Roma, em 248, com festas monumentais e jogos públicos.

Conflitos internos e invasões bárbaras começaram a minar as fronteiras do império.

Ele tentou reforçar a autoridade imperial e estabilizar a economia, mas enfrentou oposição constante.

Religião e Cristianismo

Curiosamente, Filipe é lembrado por fontes cristãs como o possível primeiro imperador cristão, embora isso continue a ser debatido pelos historiadores. Há relatos de que tenha pedido permissão a um bispo para entrar numa celebração da Páscoa — algo impensável para um imperador pagão.

Queda e Morte

Em 249, enfrentando a rebelião do general Décio, Filipe foi derrotado numa batalha perto de Verona. Morreu em combate — ou possivelmente assassinado pelos seus próprios soldados. Seu filho, Filipe II, que havia sido nomeado co-imperador, também foi executado.


Décio (249 – 251)


Décio, uma figura marcante da Crise do Terceiro Século no Império Romano.

Ascensão ao poder

Décio, nascido por volta de 201 d.C. na região da Dalmácia, era um general experiente e tradicionalista. Em 249, foi proclamado imperador pelas tropas da fronteira após derrotar o então imperador Filipe, o Árabe, em batalha. O Senado reconheceu sua autoridade, e assim começou seu breve, porém impactante reinado.

Política interna e perseguição aos cristãos

Décio acreditava que a decadência do império estava ligada ao abandono das tradições romanas. Para restaurar a ordem, promoveu uma política de revitalização dos cultos pagãos e exigiu que todos os cidadãos realizassem sacrifícios aos deuses romanos. Essa medida levou à primeira perseguição sistemática aos cristãos, que se recusavam a participar desses rituais. Muitos foram presos, torturados ou mortos, incluindo o Papa Fabiano2.

Reformas e tentativas de restauração

Ele tentou restaurar a autoridade imperial com reformas administrativas e militares. Reorganizou províncias, fortaleceu o exército e buscou centralizar o poder. Também patrocinou obras públicas, como os Banhos de Décio no monte Aventino.

Conflitos militares e morte

O maior desafio de seu governo veio do norte: os godos invadiram a Mésia e a Trácia. Décio, junto com seu filho Herênio Etrusco, enfrentou os invasores na Batalha de Abrito, em 251. Ambos morreram no confronto, tornando Décio o primeiro imperador romano a morrer em combate contra um inimigo estrangeiro4.

Legado

Apesar de seu curto reinado, Décio deixou marcas profundas:

Iniciou uma nova fase de perseguições religiosas.

Tentou restaurar a moral e a autoridade do império.

Sua morte simbolizou a fragilidade do poder imperial durante a Crise do Terceiro Século.


Treboniano Galo (251 – 253)


Treboniano Galo, uma personalidade muitas vezes esquecida, mas fascinante do turbulento século III do Império Romano.

Contexto Histórico

Treboniano Galo reinou num dos períodos mais caóticos da história romana, conhecido como a Crise do Terceiro Século. Era uma época marcada por invasões bárbaras, instabilidade política, pandemias e dificuldades econômicas. O império enfrentava uma fragmentação constante e uma sucessão vertiginosa de imperadores.

Ascensão ao Poder

Antes de ser imperador, Galo era um senador e governador da Mésia. Ganhou notoriedade por sua atuação militar na fronteira danúbia. Em 251, após a morte do imperador Décio e de seu filho Hereniano na Batalha de Abrito contra os godos, Galo foi proclamado imperador pelas tropas. Para legitimar seu reinado, associou seu próprio filho, Volusiano, ao trono como coimperador.

Desafios do Reinado

Durante seu breve governo, Treboniano Galo enfrentou inúmeros desafios:

Peste de Cipriano: Uma pandemia devastadora assolava o império, minando a população e a moral.

Acordo com os Godos: Após a morte de Décio, Galo fez um tratado de paz com os godos, permitindo que se retirassem com os prisioneiros e pilhagens — algo que foi malvisto em Roma e interpretado como sinal de fraqueza.

Usurpadores: Seu governo foi constantemente ameaçado por rivais militares. Um deles, Emílio Emiliano, governador da Mésia Superior, foi proclamado imperador pelas tropas em 253. Galo tentou enfrentá-lo, mas foi traído e assassinado pelas próprias tropas em Interamna (atual Terni, na Itália).

Legado

Embora seu reinado tenha sido curto e turbulento, Treboniano Galo é um exemplo emblemático dos desafios enfrentados por Roma durante a crise do século III. Seu governo demonstra como a instabilidade militar e a pressão externa minavam qualquer tentativa de liderança firme.


Emiliano (253)


Marco Emílio Emiliano foi um dos muitos imperadores romanos que surgiram durante o turbulento período conhecido como a Crise do Terceiro Século — uma época marcada por guerras civis, invasões bárbaras e instabilidade política. Seu reinado foi extremamente breve, durando apenas alguns meses em 253 d.C., mas sua ascensão e queda ilustram bem o caos desse período.

Origem e Ascensão

Emiliano nasceu por volta de 210 d.C. em Girba, na África Proconsular (atual Djerba, na Tunísia). De origem modesta, ele galgou posições no exército romano até se tornar governador da Mésia Inferior, uma província estratégica na fronteira do Danúbio. Quando os godos invadiram a região, Emiliano recusou-se a pagar os tributos prometidos por seu predecessor, Treboniano Galo, e partiu para o combate. Sua vitória contra os invasores foi tão impressionante que suas tropas o proclamaram imperador.

Conflito com Treboniano Galo

Após ser aclamado pelas legiões, Emiliano marchou rumo à Itália para enfrentar Treboniano Galo, o imperador legítimo. Antes mesmo de um confronto direto, Galo e seu filho Volusiano foram assassinados por seus próprios soldados, que temiam a força de Emiliano.

Queda e Morte

No entanto, o reinado de Emiliano foi efêmero. Valeriano, governador das províncias do Reno, também foi proclamado imperador por suas tropas e marchou contra Emiliano. Temendo o confronto com um exército superior, os próprios soldados de Emiliano o assassinaram em setembro de 253.

Legado

Embora tenha governado por apenas três meses, Emiliano é um exemplo claro de como o poder imperial romano, nesse período, estava nas mãos dos exércitos. Sua trajetória reflete a fragilidade das instituições romanas e a crescente militarização da política.



 Valeriano (253 – 260)


Valeriano (Reinado: 253–260 d.C.)

Contexto Histórico: Valeriano subiu ao poder durante uma das fases mais instáveis do Império Romano, marcada por guerras civis, pressões nas fronteiras e graves crises econômicas. O império enfrentava invasões de povos bárbaros, epidemias e uma constante rotatividade de imperadores, muitos dos quais foram derrubados por seus próprios exércitos.

Ascensão ao Poder: Valeriano era um senador respeitado e um homem de reputação ilustre, algo raro entre os imperadores da época. Foi proclamado imperador pelas tropas na Gália após a morte de Trajano Décio e a breve ascensão de Emiliano. Logo associou seu filho, Galieno, ao trono como coimperador, dividindo as responsabilidades militares e administrativas.

Política Interna e Religiosa: Valeriano tentou restaurar a autoridade imperial e reforçar a unidade do império. No entanto, ficou marcado por sua perseguição aos cristãos – uma das mais intensas até então –, motivada em parte pela busca por coesão religiosa e em parte por pressões políticas.

Campanha Contra os Persas e a Captura: O momento mais dramático de seu reinado ocorreu em 260 d.C., quando liderou uma campanha contra o Império Sassânida, que ameaçava as fronteiras orientais. Durante a Batalha de Edessa, Valeriano foi derrotado e feito prisioneiro pelo rei persa Shapur I, tornando-se o único imperador romano da história a ser capturado vivo por um inimigo estrangeiro — um golpe devastador para a imagem do poder imperial romano.

Consequências e Legado: Sua captura causou um abalo profundo na autoridade imperial. Galieno continuou governando sozinho, mas o império mergulhou ainda mais no caos. Quanto ao destino de Valeriano, os relatos variam: alguns dizem que foi mantido como troféu vivo; outros sugerem que foi executado e até usado como escabelo humano por Shapur — relatos provavelmente exagerados pelos romanos para vilificar os persas.


Galieno (253 – 268, coimperador desde 253)


O Reinado de Galieno: Um Imperador em Tempos de Crise (253-268 d.C.)

O período de 235 a 284 d.C. é conhecido como a Crise do Terceiro Século, uma das fases mais turbulentas e desafiadoras da história do Império Romano. Durante esse tempo, o império enfrentou invasões bárbaras, colapso econômico, epidemias e uma instabilidade política sem precedentes, com múltiplos imperadores ascendendo e caindo em um curto espaço de tempo. É nesse cenário caótico que surge o imperador Galieno, cujo reinado (253-268 d.C.) é um microcosmo das dificuldades e das tentativas de adaptação que Roma experimentou.

Ascensão ao Poder e Coimperador com Valeriano

Galieno era filho do imperador Valeriano, e foi nomeado coimperador em 253 d.C., um arranjo que visava estabilizar a liderança imperial e permitir que ambos pudessem lidar com as múltiplas ameaças que o império enfrentava em diferentes frentes. Enquanto Valeriano se concentrava na defesa das fronteiras orientais contra o Império Sassânida, Galieno ficou encarregado das províncias ocidentais, lidando com incursões germânicas e a crescente fragmentação do poder imperial.

Desafios e Perdas Territoriais

O reinado de Galieno foi marcado por uma série de reveses. Em 260 d.C., seu pai, Valeriano, foi capturado pelos sassânidas, um evento humilhante e sem precedentes na história romana. Essa perda enfraqueceu ainda mais a já frágil autoridade central e levou à formação de dois impérios separatistas: o Império das Gálias no ocidente (que incluía Gália, Britânia e Hispânia) e o Reino de Palmira no oriente (que controlava boa parte do Levante e do Egito). Galieno, apesar de seus esforços, não conseguiu impedir essa fragmentação, e grande parte de seu reinado foi dedicada a tentar conter essas secessionistas e defender o coração do império.

Reformas Militares e Culturais

Apesar das adversidades, Galieno é notável por algumas reformas significativas. Ele é creditado com a reorganização do exército, afastando os senadores do comando militar e dando maior proeminência a oficiais experientes da ordem equestre. Além disso, ele concentrou as legiões em forças de campo móveis, em vez de espalhá-las pelas fronteiras, uma tentativa de aumentar a capacidade de resposta do império a ameaças rápidas.

No campo cultural, Galieno era um homem culto e patrono das artes e da filosofia. Seu reinado, embora tumultuado, viu um florescimento intelectual em Roma, com o imperador se cercando de filósofos neoplatônicos, como Plotino. Ele também é lembrado por ter, em 260 d.C., emitido um édito de tolerância para os cristãos, suspendendo as perseguições iniciadas por seu pai.

Morte e Legado

Galieno foi assassinado em 268 d.C. por uma conspiração de seus próprios generais, perto de Mediolano (Milão), enquanto tentava suprimir uma rebelião. Sua morte encerrou um reinado conturbado, mas também abriu caminho para uma eventual reunificação do império sob imperadores como Cláudio Gótico e Aureliano.

O legado de Galieno é complexo. Para alguns, ele foi um imperador fraco que assistiu à desinteção do império. Para outros, foi um líder pragmático que, em meio a circunstâncias impossíveis, tentou implementar reformas necessárias para a sobrevivência de Roma. Seu reinado destaca a resiliência e a capacidade de adaptação do Império Romano, mesmo diante de crises que ameaçavam sua própria existência. A Crise do Terceiro Século, da qual Galieno foi uma figura central, demonstrou que o império precisava de uma reestruturação profunda para sobreviver, e as sementes de muitas dessas mudanças foram plantadas, ou pelo menos vislumbradas, durante seu tempo no trono.


Cláudio II Gótico (268 – 270)

Imperador Cláudio II Gótico (268 – 270)

Cláudio II, cognominado "Gótico", foi um imperador romano que reinou por um breve, mas impactante período, de 268 a 270 d.C. Sua ascensão ao trono ocorreu em um dos momentos mais turbulentos da história romana, conhecido como a Crise do Terceiro Século, uma era marcada por invasões bárbaras, guerras civis e instabilidade econômica. Apesar de seu curto reinado, Cláudio II é lembrado por suas vitórias militares cruciais que ajudaram a estabilizar o império e lhe renderam o prestigiado cognome.

Ascensão ao Poder e Contexto Histórico

Cláudio era um militar de carreira, com uma reputação de bravura e competência. Pouco se sabe sobre sua origem exata, mas ele provavelmente veio de uma província romana nos Bálcãs. Antes de se tornar imperador, serviu sob o imperador Galiano, distinguindo-se em várias campanhas. Sua ascensão ao poder, após o assassinato de Galiano, é um tanto controversa, com algumas fontes sugerindo seu envolvimento na conspiração. No entanto, sua legitimidade foi rapidamente estabelecida devido à sua popularidade entre as tropas e à necessidade urgente de um líder forte para enfrentar as ameaças iminentes.

O império estava fragmentado. No oeste, o Império Gálico havia se separado sob Póstumo, enquanto no leste, a rainha Zenóbia governava o Império de Palmira, controlando grandes partes do Oriente Próximo. Além disso, as fronteiras estavam sob constante pressão de várias tribos germânicas, principalmente os godos, que haviam invadido os Bálcãs e a Grécia.

Principais Realizações e o Título de "Gótico"

A principal glória de Cláudio II foi sua campanha contra os godos. Em 269 d.C., ele obteve uma vitória esmagadora na Batalha de Naissus (atual Niš, Sérvia), onde um vasto exército gótico foi aniquilado. Esta batalha foi um divisor de águas, pois reduziu significativamente a ameaça gótica por um tempo e restaurou a confiança nas capacidades militares romanas. Foi por essa vitória decisiva que Cláudio recebeu o título honorífico de "Gótico Máximo" (Gothicus Maximus), ou simplesmente "Gótico".

Além da vitória sobre os godos, Cláudio também lidou com sucesso com as invasões dos alamanos no norte da Itália, expulsando-os do território romano. Ele planejava, em seguida, voltar sua atenção para o Império Gálico e Palmira para reunificar o império, mas a doença o impediu de concretizar esses planos.

Morte e Legado

Infelizmente, o reinado promissor de Cláudio II foi abruptamente interrompido pela Peste de Cipriano, uma pandemia devastadora que assolava o império. Ele sucumbiu à doença em 270 d.C. em Sirmio (atual Sremska Mitrovica, Sérvia).

Apesar de sua breve passagem pelo trono, Cláudio II Gótico deixou um legado significativo. Ele é lembrado como um imperador competente e dedicado que, em um momento de profunda crise, conseguiu deter o avanço de algumas das ameaças mais perigosas ao império. Sua vitória em Naissus foi crucial para restaurar a esperança e preparar o terreno para a recuperação do império sob seu sucessor, Aureliano, que viria a reunificar as partes separadas do Império Romano. Cláudio II é frequentemente visto como um dos "imperadores-soldados" que, por meio de sua liderança militar, ajudaram a salvar o Império Romano da desintegração total durante o século III.


Quintilo (270)


Quintilo: O Imperador Efêmero de 270 d.C.

O ano de 270 d.C. foi um ponto crítico na Crise do Terceiro Século do Império Romano, um período de instabilidade política, econômica e militar que parecia ameaçar a própria existência do império. No meio desse caos, uma figura ascendeu brevemente ao poder, apenas para desaparecer rapidamente: o Imperador Quintilo. Seu reinado, ou melhor, sua tentativa de reinado, é um testemunho da volubilidade do poder imperial naqueles tempos turbulentos.

A Ascensão de um Irmão de Imperador

Marco Aurélio Cláudio Quintilo era irmão do aclamado imperador Cláudio Gótico, que havia ganhado fama por suas vitórias militares contra os godos e por iniciar o processo de reunificação do Império Romano, fragmentado após o reinado de Galieno. Cláudio Gótico era um imperador popular e respeitado, e sua morte, provavelmente por peste, em 270 d.C., deixou um vácuo de poder significativo.

Com a morte de seu irmão, Quintilo foi aclamado imperador pelas tropas na Itália, e talvez também pelo Senado Romano, que via nele uma continuação da legítima e bem-sucedida linhagem de Cláudio. A sucessão de irmão para irmão não era incomum na história romana, e a reputação de Cláudio Gótico provavelmente deu a Quintilo uma base inicial de apoio.

Um Reinado Breve e Contestado

No entanto, o reinado de Quintilo foi de uma brevidade notável e altamente contestada. As fontes históricas divergem sobre a duração exata de seu tempo no poder, variando de apenas 17 dias a alguns meses, com a maioria inclinando-se para o período mais curto. A principal razão para essa efemeridade foi a ascensão de um rival formidável: Aurélio Probo, um general de cavalaria experiente e altamente capaz, que havia servido com distinção sob Cláudio Gótico.

Probo foi aclamado imperador pelas legiões do Danúbio, uma região crucial para a defesa do império contra as invasões bárbaras. As tropas de Probo eram leais e poderosas, e ele rapidamente começou a marchar em direção à Itália para reivindicar o trono.

Morte Misteriosa e Legado

A morte de Quintilo também é cercada de mistério. Algumas fontes sugerem que ele foi assassinado por suas próprias tropas, que o abandonaram em favor de Probo, vendo neste último um líder mais forte e capaz de restaurar a ordem no império. Outras versões indicam que ele cometeu suicídio ao perceber a futilidade de sua posição e a inevitabilidade da vitória de Probo. Independentemente da causa exata, o resultado foi o mesmo: Quintilo desapareceu rapidamente do cenário político.

O reinado de Quintilo, por mais breve que tenha sido, serve como um lembrete vívido da fragilidade da autoridade imperial durante a Crise do Terceiro Século. A legitimidade era frequentemente determinada pela força militar e pela capacidade de um líder em efetivamente governar e defender o império. Quintilo, embora irmão de um imperador bem-sucedido, não conseguiu reunir o apoio e a autoridade necessários para consolidar seu poder em face da ameaça de um general mais popular e competente.

Sua história é um pequeno, mas significativo, capítulo na longa e complexa narrativa da crise do século III, ilustrando a rapidez com que a sorte de um imperador podia mudar e a constante busca por estabilidade em um império à beira do colapso. O palco estava montado para Aureliano, o "Restaurador do Mundo", que viria a unificar o império e dar fim ao período de grande instabilidade que Quintilo, por um breve momento, tentou governar.


Aureliano (270 – 275)


Aurélio: O "Restaurador do Mundo" (270-275 d.C.)

O reinado do imperador Aurélio (270-275 d.C.) é um dos mais cruciais e decisivos da Crise do Terceiro Século do Império Romano. Em um período marcado por invasões bárbaras, colapso econômico e a fragmentação do império em entidades separatistas, Aurélio emergiu como o líder forte e implacável que Roma desesperadamente precisava para evitar sua completa desintegração. Seu epíteto, "Restaurador do Mundo" (Restitutor Orbis), resume perfeitamente o impacto de suas ações.

Ascensão ao Poder em Meio ao Caos

Aurélio, um general de cavalaria experiente e altamente condecorado, ascendeu ao trono após a morte de Cláudio Gótico e a breve e tumultuada sucessão de Quintilo em 270 d.C. Ele havia servido com distinção sob Cláudio Gótico e era aclamado pelas legiões do Danúbio, reconhecendo nele a liderança militar necessária para enfrentar as ameaças iminentes. Sua ascensão marcou o fim da breve tentativa de Quintilo de governar e o início de um período de cinco anos de intensa atividade militar e política.

A Unificação do Império: Campanha no Ocidente

A primeira e mais urgente tarefa de Aurélio foi reunificar o império, que havia se fragmentado em três partes principais: o Império Romano central (com base na Itália e norte da África), o Império das Gálias (incluindo Gália, Britânia e Hispânia) no ocidente, e o Reino de Palmira (no Oriente Próximo, Egito e partes da Ásia Menor).

Aurélio concentrou-se inicialmente no Ocidente. Em 274 d.C., após uma série de campanhas militares brilhantes, ele derrotou o usurpador Tétrico I, governante do Império das Gálias, na Batalha de Châlons. Essa vitória decisiva restaurou as províncias ocidentais ao controle imperial, um passo gigantesco na reunificação de Roma.

A Conquista de Palmira: Campanha no Oriente

Com o Ocidente seguro, Aurélio voltou sua atenção para o Oriente, onde a rainha Zenóbia de Palmira havia estabelecido um vasto e poderoso império independente. Zenóbia era uma governante ambiciosa e capaz, e Palmira representava uma ameaça séria à autoridade romana no leste.

Em 272 d.C., Aurélio lançou uma campanha militar relâmpago contra Palmira. Ele derrotou as forças de Zenóbia em batalhas chave, incluindo as de Emesa e Antioquia, e cercou a cidade de Palmira. Apesar da forte resistência, a cidade acabou caindo, e Zenóbia foi capturada e levada para Roma, onde desfilou no triunfo de Aurélio. A reconquista de Palmira foi um feito espetacular e simbolizou o renascimento do poder romano.

Reformas Internas e Fortificação de Roma

Além de suas vitórias militares, Aurélio implementou importantes reformas internas. Ele procurou estabilizar a economia romana, reformando a moeda e combatendo a corrupção. Preocupado com a segurança da capital, ordenou a construção de uma nova e imponente muralha ao redor de Roma, conhecida como as Muralhas Aurelianas, um testemunho da vulnerabilidade do império e da necessidade de proteger sua cidade mais sagrada.

Aurélio também promoveu o culto ao Sol Invictus (Sol Invicto) como a principal divindade do império, buscando criar uma unidade religiosa e fortalecer o poder imperial através de um culto monoteísta que pudesse transcender as diversas crenças do vasto império.

Morte e Legado

Apesar de seus sucessos monumentais, o reinado de Aurélio foi abruptamente encerrado. Em 275 d.C., ele foi assassinado por uma conspiração de oficiais em Cenofrúrio, na Trácia, enquanto se preparava para uma campanha contra o Império Sassânida. A razão exata de seu assassinato é debatida, mas é provável que tenha sido resultado de intrigas palacianas e do medo de suas punições severas.

O legado de Aurélio é inquestionável. Ele foi o imperador que, por suas habilidades militares e visão estratégica, retirou o Império Romano da beira do abismo. Suas campanhas reunificaram o império e restauraram a autoridade central, preparando o terreno para a recuperação parcial sob imperadores posteriores como Diocleciano. Embora o império ainda enfrentasse desafios significativos, Aurélio demonstrou que a Roma ainda tinha a capacidade de se reinventar e sobreviver, merecendo plenamente o título de "Restaurador do Mundo".


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Imperador Aureliano (270 – 275)


Tácito (275 – 276)


Tácito: O Curto Reinado do Imperador Senador (275-276 d.C.)

Após a morte abrupta do aclamado Imperador Aureliano em 275 d.C., o Império Romano mais uma vez se viu em um vácuo de poder. Aureliano, o "Restaurador do Mundo", havia reunificado o império e restaurado a confiança, mas sua morte repentina levantou a questão crucial de quem poderia continuar seu trabalho. Foi nesse cenário que o Senado Romano, em um raro e breve momento de proeminência, escolheu um de seus membros mais velhos e respeitados para o trono: Marco Cláudio Tácito.

A Escolha Inesperada do Senado

A morte de Aureliano, assassinado por uma conspiração, deixou as legiões em luto e hesitação. Incomumente, em vez de proclamar imediatamente um novo imperador militar, os soldados, talvez por remorso ou respeito pela memória de Aureliano, pareceram deferir ao Senado. Esse gesto é notável, pois o poder do Senado havia sido progressivamente diminuído ao longo dos séculos, especialmente durante a Crise do Terceiro Século, quando os imperadores eram frequentemente proclamados pelas tropas.

Após um interregno de várias semanas, durante o qual o Senado debateu e hesitou, a escolha recaiu sobre Tácito. Ele era um senador idoso, de cerca de 75 anos, com uma reputação de integridade, riqueza e uma longa carreira política. Acredita-se que Tácito inicialmente relutou em aceitar a coroa, ciente dos perigos e da imensa responsabilidade de governar um império ainda frágil. No entanto, a pressão do Senado e o desejo de restaurar alguma forma de legitimidade civil ao trono o convenceram.

Um Breve Reinado de Luta e Reorganização

O reinado de Tácito, que durou aproximadamente seis a nove meses (as fontes divergem), foi marcado por esforços para estabilizar o império e continuar a obra de Aureliano. Sua primeira e mais urgente tarefa foi lidar com as invasões de tribos germânicas, particularmente os Hérulos, que haviam aproveitado a instabilidade após a morte de Aureliano para pilhar as províncias orientais da Ásia Menor.

Tácito, apesar de sua idade avançada, liderou pessoalmente as tropas para a Ásia Menor, demonstrando um vigor surpreendente. Ele conseguiu repelir os invasores, restaurando a segurança na região. Esse feito militar, embora breve, mostrou sua determinação e a capacidade de adaptação do exército romano mesmo sob um imperador de origem senatorial.

Durante seu curto período no poder, Tácito também se esforçou para restaurar algumas das prerrogativas do Senado, prometendo-lhes mais influência nos assuntos imperiais. Ele também tentou controlar as despesas e combater a corrupção, seguindo os passos de Aureliano.

Morte e o Fim da Esperança Senatorial

A morte de Tácito, em meados de 276 d.C., é novamente envolta em incertezas. As fontes sugerem que ele pode ter morrido de causas naturais, devido à sua idade avançada e ao estresse das campanhas militares. Outras teorias apontam para um assassinato, possivelmente por militares insatisfeitos ou por aqueles que se opunham às suas reformas ou à sua tentativa de restaurar a autoridade senatorial.

Independentemente da causa, a morte de Tácito encerrou o breve experimento de um imperador eleito pelo Senado. Seu irmão, Floriano, tentou sucedê-lo, mas logo foi derrubado por Probo, outro general militar forte, que viria a continuar a obra de Aureliano na restauração do império.

O reinado de Tácito, embora efêmero, é significativo por várias razões. Ele representa o último grande esforço do Senado Romano para reverter o declínio de seu poder e afirmar sua autoridade na escolha de um imperador. Mostra também que, mesmo em tempos de crise, a tradição e a busca por uma legitimidade "civil" ainda eram valorizadas. No entanto, a realidade do poder militar e a necessidade de um líder forte e experiente em batalha para enfrentar as constantes ameaças do império prevaleceram, e o destino de Roma continuaria nas mãos de seus generais.


Floriano (276)


Floriano: O Reinado Fugaz de um Imperador Irmão (276 d.C.)

A morte do imperador Tácito em 276 d.C., após um breve e surpreendente reinado, lançou o Império Romano, mais uma vez, em um período de incerteza. Em meio a essa instabilidade, um novo pretendente ao trono emergiu rapidamente, impulsionado pela lealdade familiar e pela tradição militar: Marco Ânio Floriano, meio-irmão do falecido Tácito. Seu reinado, no entanto, seria ainda mais efêmero que o de seu predecessor, durando apenas algumas semanas.

A Ascensão Apelando à Legitimidade Familiar

Floriano era o prefeito pretoriano de Tácito, uma posição de grande poder e influência. Após a morte de seu irmão, as tropas sob seu comando na Ásia Menor, leais à memória de Tácito e talvez convencidas de que Floriano era o sucessor natural, o aclamaram imperador. Essa acção foi um reflexo direto da prática comum da época, onde a aclamação militar era o principal meio de ascensão ao trono durante a Crise do Terceiro Século.

A nomeação de Floriano foi, em grande parte, uma tentativa de manter a continuidade dinástica e aproveitar a legitimidade que Tácito, um imperador escolhido pelo Senado, havia tentado estabelecer. Ele foi reconhecido como imperador pelo Senado Romano em Roma, que provavelmente viu em Floriano a melhor opção para evitar um vácuo de poder prolongado e manter a estabilidade.

O Desafio de Probo e a Queda Rápida

No entanto, o reconhecimento de Floriano não era universal. Quase simultaneamente à sua ascensão, as legiões no leste, especificamente as que guarneciam as províncias da Síria e Egito, proclamaram seu próprio imperador: Marco Aurélio Probo. Probo era um general altamente respeitado, com um histórico de vitórias e uma reputação de grande habilidade militar, tendo servido sob os imperadores Aureliano e Cláudio Gótico. As tropas do leste, cientes das capacidades de Probo, viam nele um líder mais apto a defender o império das constantes ameaças externas.

A disputa entre Floriano e Probo rapidamente se transformou em um confronto inevitável. Floriano marchou com suas forças para a Cilícia, na Ásia Menor, para encontrar Probo. As fontes indicam que Floriano possuía um exército numericamente superior e estava em uma posição vantajosa. No entanto, o clima quente e úmido da região começou a cobrar seu preço nas tropas de Floriano, que eram principalmente de origem ocidental e não estavam acostumadas a tais condições.

Probo, ciente dessa desvantagem ambiental, optou por uma estratégia de guerrilha e atrito, evitando o confronto direto e esperando que o calor e as doenças enfraquecessem o exército de Floriano. Essa tática provou ser eficaz. As tropas de Floriano, desmoralizadas pela doença e pela aparente inatividade de Probo, começaram a questionar a liderança de seu imperador.

Morte e Legado Efêmero

O reinado de Floriano terminou de forma abrupta e violenta. Após cerca de dois a três meses no poder (as fontes variam, mas a maioria concorda em um período muito curto), suas próprias tropas se amotinaram e o assassinaram, provavelmente em Tarso, na Cilícia. A deserção e o assassinato de Floriano pelas suas próprias forças destacam a instabilidade política da época e a prevalência da força militar na determinação da sucessão imperial. A preferência por um líder mais competente em campo de batalha, como Probo, prevaleceu sobre a legitimidade familiar.

O reinado de Floriano é um exemplo clássico da fugacidade do poder durante a Crise do Terceiro Século. Ele representa a última tentativa de uma sucessão baseada em laços familiares e no reconhecimento senatorial imediato, antes que a realidade da necessidade de um imperador militarmente forte e comprovado se impusesse de forma definitiva. Com a sua morte, o caminho estava aberto para Probo, que continuaria o trabalho de Aureliano na restauração da ordem e da prosperidade do Império Romano.


Probo (276 – 282)


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Imperador Probo (276 – 282)


Caro (282 – 283)


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Imperador


Carino (283 – 285)


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Imperador


Numeriano (283 – 284)


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Imperador


Tetrarquia e reformas (284 – 324)


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Imperador


Diocleciano (284 – 305)


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Imperador


Maximiano (286 – 305)


Constâncio Cloro (305 – 306)


Galério (305–311)


Severo II (306 – 307)


Maxêncio (306 – 312)


Licínio (308 – 324)


Maximino Daia (310 – 313)


Dinastia Constantiniana (306 – 363)


Constantino I, ou o Grande (306 – 337)


Crispo (317 – 326, co-imperador)


Constantino II (337 – 340)


Constante I (337 – 350)


Constâncio II (337 – 361)


Juliano, o Apóstata (361 – 363)


Dinastia Valentiniana (364 – 392)


Valentiniano I (364 – 375)


Valente (364 – 378, coimperador no Oriente)


Graciano (367 – 383)


Valentiniano II (375 – 392)


Dinastia Teodósica (379 – 455)


Teodósio I (379 – 395, último a governar o Império unificado)


Arcádio (383 – 408, Oriente)


Honório (395 – 423, Ocidente)


Teodósio II (408 – 450, Oriente)


João Primicério (423 – 425, usurpador)


Valentiniano III (425 – 455)


Últimos Imperadores do Ocidente


Petrônio Máximo (455)


Avito (455 – 456)


Majoriano (457 – 461)


Líbio Severo (461 – 465)


Antêmio (467 – 472)


Olíbrio (472)


Glicério (473 – 474)


Júlio Nepos (474 – 475, reconhecido até 480)


Rômulo Augústulo (475 – 476) – Último imperador romano do Ocidente



Império Romano do Oriente (Império Bizantino) – 330 a 1453


O Império do Oriente continuou até 1453, com imperadores como:


Justino I (518 – 527)


Justiniano I (527 – 565)


Heráclio (610 – 641)


Leão III, o Isáurico (717 – 741)


Basilisco I (867 – 886)


Constantino VII (913 – 959)


Basílio II, o Bulgaróctono (976 – 1025)


Alexis I Comneno (1081 – 1118)


Miguel VIII Paleólogo (1261 – 1282)


Último imperador bizantino:


Constantino XI Paleólogo (1449 – 1453) – morreu durante a defesa de Constantinopla, na conquista otomana.



CRONOLOGÍA del IMPERIO